Um continente de cordas:
Los de Negro y el de Blanco
Guto Wirtti (baixolão), Yamandu Costa (violão de 7 cordas) e Arthur Bonilla (violão de 7 cordas) no show Continente |
Um show de
cordas com três dos mais virtuosos violonistas que temos na atualidade no
Brasil. Assim foi o espetáculo do lançamento do CD Continente que colocou no palco do CIC (Centro Integrado de Cultura)
a genialidade de Yamandu Costa (violão 7 cordas), a suavidade das composições
de Guto Wirtti (baixolão) e a rapidez das duas mãos de Arthur Bonilla (violão 7
cordas).
Como sempre,
usando bombacha e alpargatas, Yamandu chegou ao palco sozinho na companhia de
um chimarrão para executar El Negro Del Blanco.
Ali deu o tom do que seria o
restante da noite. O homem de branco chamou os dois homens de preto, amigos de
infância, e aí foi uma intimidade só, mesmo que essa tenha sido a segunda
apresentação da turnê Continente, que
iniciou no Rio de Janeiro, dia 27 de agosto. O show e o álbum, segundo Yamandu,
são homenagens ao escritor gaúcho Erico Veríssimo e aos violões da America do
Sul.
A dinâmica do espetáculo,
com entradas e saídas de Gutto e Bonilla, mostrou a cumplicidade dos músicos.
Além disso, o bom humor no palco é algo que chega até o público em conversas
descompromissadas e feitas na hora, como se estivessem na sala de casa,
arrancando boas risadas da platéia. Uma delas, a história da música Cabaret, composta por Guto e Yamandu, e que
Yamandu disse ter sabor de keep cooler.
Um dos
momentos altos da apresentação foram Namoro
de Guitarras e Peleia de Guitarras executadas com precisão e sentimento. Ao fechar os olhos sentia-se a briga e o
namoro dos três instrumentos.
Coisa que só os gênios conseguem fazer. Que me
desculpem as guitarras de músicos argentinos e uruguaios, como o Cuarteto Zitarrosa - uma das influências
do trio -, mas esses guris de 30 anos estão aprimorando e abrasileirando a
interpretação desses instrumentos.
Pra quem acostumou
o ouvido desde pequena com o sonoridade das cordas do Sul, a noite foi um
prazer só, principalmente nas músicas Don
Atahualpa, uma belíssima composição de Guto Wirtti; Chamamer e Missioneirita.
A música Fronteiriço, composta especialmente
para este álbum por Yamandu e Bonilla, é uma peça para dois violões de sete
cordas, onde a alta transfusão de sons é de arrepiar e deixar encharcados de
suor os dois guris. Logo depois, para acalmar, a música Continente (Guto Wirtti), que dá título ao álbum, trouxe uma mistura de ritmos dentro da mesma estrutura musical. E que som maravilhoso ecoa do baixolão de Wirtti!
O público, que
quase lotou o CIC, se entregou à sonoridade por 1h45. Nenhum zunzum, muito
menos conversas, só alguns suspiros, gritos de bravo no final das músicas e
muitas palmas. Depois da apresentação, o hall do teatro ficou lotado e Yamandu,
paciententemente, conversou, fez fotos e autografou por mais de uma hora.
Saí do show
com a sensação que nem tudo esta perdido na música brasileira, por mais que os
grandes conglomerados de comunicação queiram nos fazer consumir Luans, Annitas
e Telós.
texto Duda Hamilton
fotos Pablo Corti
O show foi realizado pela Rhythmus Produções, com apoio da Itapema FM
e divulgação da Dfato Comunicação
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