Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

sábado, 14 de novembro de 2015

Primeira noite Floripa Instrumental 2015

Floripa Instrumental: improvisos, temas conhecidos e jam sessions marcam o primeiro dia


Fábio Peron, Thiago e Silvia na abertura do Floripa Instrumental, fotos Guilherme Zanini




                                                                        por Guilherme Zanini


O lindo fim de tarde da sexta-feira (13) serviu de prenúncio para o pontapé inicial do Floripa Instrumental. Pelo menos 400 pessoas foram até a Freguesia do Ribeirão da Ilha e puderam assistir apresentações de primeirssima linha. Logo na abertura, o show ‘Alma de Músico’ reuniu Thiago Espírito Santo (baixo), sua mãe Silvia Goes (piano) e Fabio Peron (bandolim). O resultado foi uma apresentação que emocionou a plateia por quase duas horas. No repertório, figuraram composições próprias, dentre elas ‘Conflito de Gerações’, de Silvia, um dos destaques da noite, que arrancou aplausos entusiasmados do público. No show, houve um equilíbrio entre as músicas executadas e os improvisos. Não houve excessos, algo que só ocorre com instrumentistas maduros. Os solos de Thiago no baixo demonstraram ao público de Florianópolis o porquê de ele ser um dos principais nomes do instrumento na atualidade. Seu domínio musical o credencia como um dos principais baixistas do mundo. Peron tira melodias e levadas empolgantes de seu bandolim de 10 cordas e a destreza de Silvia no piano arrancou aplausos diversas vezes.

No repertório do trio, também foram incluídos clássicos da música brasileira, tais quais ‘Carinhoso’, de Pixinguinha; e ‘De Volta Pro Meu Aconchego’, de Dominguinhos, ambas cantadas do início ao fim pela plateia. No bis, veio o ápice, com a tradicional ‘Tico-Tico no Fubá’. 







Pedro Martins e Felipe Coelho:
troca de informações musicais
abençoados pela Nossa Senhora da Lapa
foto Duda Hamilton
Logo após, foi a vez do show ‘Hora Certa’ , que contou com Felipe Coelho (violão), Tie Pereira (baixo) e Richard Montano (bateria). Residentes em Florianópolis, os três destilaram jazz, música brasileira e um quê flamenco. Considerado um dos grandes músicos da Ilha, Coelho fez jus à fama que tem conquistado de alguns anos para cá - em 2014, ele faturou o troféu de melhor instrumentista no Prêmio da Música Catarinense. A competência da performance apresentada e dos improvisos animou o público. Foi o debute de algumas músicas que estarão no disco ‘Hora Certa’, previsto para sair em breve.

Público  aplaudiu, dançou e curtiu o show Alma de Músico, foto Duda Hamilton


Acordes, solos e belas melodias invadiram a madrugada com a já tradicional jam session. Instrumentistas se revezaram no palco, cada um apresentando seu vocabulário, improvisando e fazendo boa música. Tudo ali, na hora. Um destaque foi quando Thiago Espírito Santo assumiu o baixo e Pedro Martins colocou a guitarra no colo. O jazz que tocaram antecipou o show de “Pedrinho” neste sábado (14). Considerado por muitos um dos mais talentosos de sua geração, o guitarrista natural de Gama (DF) sobe ao palco do festival logo mais, a partir das 21h.

Para muitas pessoas, o Floripa Instrumental já virou uma tradição. É o caso do casal Luiz Antonio Dantas e Jane Maria Cardoso, que moram no Campeche, mas que se mudam para o Ribeirão da Ilha durante o festival: “Nos hospedamos na mesma pousada dos músicos. É lá que conseguimos conhecê-los e ver coisas exclusivas. É quase como participar do making of do festival”, brinca Luiz Antonio.

O Floripa Instrumental é isso, uma confraria que se reúne em nome de um bem maior: a música.



A programação segue no fim de semana:

Sábado (14/11)

16h – Banda da Lapa

21h – Guitarrista Pedro Martins, vencedor da competição de guitarras do Festival de Jazz de Montreux

23h – Show com o Duo Rogério Piva (guitarra e bandolim) e Carlos Ribeiro Júnior (baixo e baixo acústico)
Depois Jam Sessions

  
Domingo (15/11)


A partir das 16 horas muito choro na Freguesia do Ribeirão da Ilha
Show Velha Amizade com o Duo Nailor Proveta (clarinete e sax) e Alessandro Penezzi (violão)
Geraldo Vargas (bandolim) e o Grupo de Choro Campeche, composto por alunos da Escola Livre de Música de Florianópolis.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Thiago Espírito Santo abre o Floripa Instrumental 2015


No dia 13 de novembro, às 21horas o baixista se apresenta
com Fábio Peron e Silvia Goes no Ribeirão da Ilha


     
          Thiago Espírito Santo:
  DNA musical que vem de gerações
foto Paulo Popó


                                      por  Guilherme Zanini

Reconhecido como um dos maiores baixistas do mundo na atualidade, Thiago Espírito Santo é daqueles que trazem a música de berço, literalmente. Nascido em uma família de instrumentistas, desde a infância transita entre guitarra, bateria, piano e baixo, onde melhor encontrou sua maneira de se expressar musicalmente. Ele  vai abrir o Floripa Instrumental, na sexta-feira, dia 13 de novembro, juntamente com a mãe, a pianista Silvia Goes, e com o bandolinista Fábio Peron, no show Alma de Músico. Thiago conversou com o jornalista Guilherme Zanini e demonstrou, além de carisma, uma paixão pelo instrumento e admiração por músicos que vivem em Florianópolis.


foto Mariana Chiarella
Você é filho de dois grandes instrumentistas (Arismar do Espírito Santo e Silvia Goes). Isso deve ter sido uma grande fonte de inspiração para estudar música, não?
Thiago Espírito Santo - Meu contato com música iniciou na barriga da minha mãe. Sou da terceira geração de músicos na família. Sempre foi algo muito natural e presente para mim. Desde que me conheço por gente, eu gostava de ter contato com músicos. Então começar a tocar foi algo muito natural, pois era o ambiente em que eu vivia. Sempre fui interessado, ficava mexendo nos instrumentos, mas comecei a levar a sério a partir dos 12 anos de idade, por aí.

Como foi seu início de carreira?
T.E.S. - Eu sou mais conhecido como baixista, mas eu comecei tocando guitarra e bateria. Hoje estudo piano. Então, por isso, eu me considero mais um músico do que instrumentista.

foto Paulo Popó

Por que o baixo como instrumento principal?
T.E.S. - Foi o primeiro instrumento que eu queria tocar, pois meu pai já era baixista. O som me encanta muito há anos, tenho afinidade com esse instrumento. Quando comecei a tocar, percebi que era nele que eu conseguiria me expressar melhor, criar uma voz própria na música. Por isso que escolho o baixo. Foi uma questão de sensação mesmo.


Como você desenvolveu um vocabulário próprio no instrumento?
foto Mariana Chiarella
T.E.S. - Isso foi um trabalho que levou bastante tempo. É uma questão de muita dedicação e continuidade.  O trabalho de ter uma identidade, ter uma voz própria é como aprender um idioma. Você precisa se alfabetizar, criar um vocabulário, mas para você ter uma opinião, a sua impressão digital, isso leva tempo. A gente acha que é na adolescência, mas isso vem na fase adulta. É quando temos mais convicções e menos incertezas na vida. Na música é a mesma coisa. A gente toca, toca, toca, mas saber que aquilo que se está tocando ser a sua própria voz, leva tempo. É uma construção de anos, e, a cada dia que passa, eu consigo ser mais o Thiago e feliz com isso. Hoje eu me identifico com as ideias musicais que tenho e passo isso para o instrumento com emoção e meu DNA na música. Isso atinge as pessoas, tanto que elas falam: “parece que o instrumento é uma extensão do seu corpo”. A intenção é exatamente essa.

  
O que o público do Floripa Instrumental pode esperar do show Alma de Músico?
T.E.S. - É um show muito intimista. São três pessoas com afinidades na vida e na música. Vamos tocar bonito e com coração aberto. A função da música é emocionar, não impressionar. Nós queremos transmitir sensações boas. Tocamos músicas populares, de Pixinguinha a Dominguinhos, além de composições próprias. A ideia é enaltecer a arte e passar isso para as pessoas.

foto Stela Handa
  
A música instrumental é um território fértil para as Jam Sessions. Como você se sente quando participa de uma?
T.E.S. -É um diálogo. São músicos que, quando se encontram, cada um dá a sua contribuição para a música. É uma troca.


Quais músicos daqui de Florianópolis com que você já tocou ou tem vontade de tocar nessas jam?
T.E.S. - Florianópolis é uma cidade com muitos músicos. Tive o prazer de tocar com o baterista Toicinho. O Alegre Corrêa, que mora aí e é um cara fantástico. Posso citar também o Nando Fortes, um guitarrista jovem, que é um grande músico. É um lugar que tem muita cultura. Fico feliz sempre que vou tocar aí e ter contato com essas pessoas, além de tocar com elas.