Floripa Instrumental encerra com sucesso de público e qualidade musical
Por Duda Hamilton
O Floripa Instrumental, que ancorou no Ribeirão da Ilha por cinco dias, levou para o palco a brasilidade da percussão de Naná Vasconcelos; a conversa musical de duas gerações com Alessandro BB Kramer (acordeon) e Guinha Ramires (guitarra); a sintonia das cordas do Trio Madeira Brasil e o talento de Yamandu Costa. Foi um perfeito entrosamento entre músicos e público não só no palco principal, como também nos palcos montados na praia da Freguesia e nas jam sessions, por onde passaram talentos como o multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, Proveta, Jorginho do Trumpete, Arnou de Mello, Rafael Calegari e Cássio Moura. A média de público de 1.500 pessoas por dia surpreendeu não só os organizadores, como também a comunidade.
Participaram do evento, promovido pela Natura, mais de 50 músicos e um público diverso, que modificava de acordo com a atração do dia. “Esses espetáculos foram um presente para a comunidade do Ribeirão da Ilha”, disse Neli Silva, 76 anos, moradora do Ribeirão e de uma família de músicos. Durante a emocionante e surpreendente apresentação da banda da Lapa do Ribeirão, às 15 horas de domingo, Janete Lombardo, 71 anos, não parava de cantar e bater palmas. “Foi uma volta às origens, aos bons tempos de Ribeirão”, confessou Janete, que atualmente mora no Rio Tavares.
Já a estudante Ana Ramos (28) ficou impressionada com a qualidade. “É inovador um evento como este no Sul da Ilha, onde está impregnada a riqueza da cultura portuguesa-açoriana. Foi um casamento perfeito entre o lugar e a música de qualidade”, observou Ana. Com apenas 9 anos, Bruno Estefano também deu sua opinião: “Gostei foi do som de Naná Vasconcelos. Ele fez até chover com a participação do público”, afirmou o novo fã.
O percussionista proporcionou uma viagem pelos sons do Brasil, o que encantou o público de 8 a 80 anos. “Adorei estar aqui nesse lugar, onde o cenário do palco é a casa onde ficamos hospedados e, ao lado, os vizinhos que vivem no céu”, disse Naná ao se referir ao cemitério do Ribeirão da Ilha. No segundo dia, o encontro de dois amigos – Guinha e BB Kramer – que levaram para o palco uma conversa íntima entre o acordeon e a guitarra. Já o Trio Madeira apresentou um repertório de músicas do mundo, com um toque talentoso da sonoridade brasileira, que encantou o público de 2 mil pessoas.
No encerramento, a contagiante banda da Lapa com integrantes de 12 até 70 anos surpreendeu os visitantes e deixou orgulhosa uma comunidade que não vive sem música. “É muito bom se apresentar para esse público bem diferente”, disse o baterista João Pedro Guerreiro Souza, de 14 anos. Quando subiu ao palco, às 17h04 – a pontualidade dos shows foi uma novidade em Florianópolis – Yamandu foi muito aplaudido. O calor do público fez o instrumentista tocar músicas de execução difíceis como Ana Terra, Bachbarbaridade e Samba para o Rafa, em homenagem a Rafael Rabelo. E para terminar o festival, as palavras dele emocionaram. “Em nosso país, tocando a nossa música para um público tão especial e num lugar maravilhoso, só pode ser um presentão. É levar a música ao povo. Esse é um projeto de fundamento e não podemos deixá-lo ficar só nessa edição”, disparou Yamandu antes de mais um bis.
Um comentário:
Parabéns pelo evento realizado, dizer que o Floripa Instrumental foi bem sucedido é pouco! Com esse time de feras só podia dar certo.
Já que sonhar não custa nada, quem sabe não poderiamos nos articular para realizar um Sant'Ana Instrumental qualquer hora dessas.
Um abraço da fronteira,
Artur Montanari
Postar um comentário