MINEIRO de Belo Horizonte, o embaixador da música instrumental brasileira no mundo, Toninho Horta, traz no DNA ritmos e melodias, que entoa em vários cantos do planeta, com uma produção de dar inveja. Só neste ano esteve envolvido com mais de 10 projetos. Entre eles o álbum Harmonia e Vozes, com canções suas na voz de cantores e cantoras populares, como Ivete Sangalo, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes, entre outros; e a biografia Harmonia Compartilhada, cuja primeira edição está esgotada, mas deve ganhar nova edição até 15 de dezembro.
Além disso, lançou também dois DVDs – Música Audaz e Tom de Minas -, e dois CDs no Japão e mais um álbum solo, com a participação da japonesa Nobie. E tem mais. Com o fôlego de um adolescente, o sagitariano que faz dia 2 de dezembro, 63 anos, conta, por telefone, sobre seu mais novo trabalho ao lado de Jacques Morelembaum (violoncelo), Marco Suzano (percussão) e Liminha (baixo). “Tocar e gravar são meus maiores prazeres, seja aqui ou em qualquer parte do mundo”, confessa, “ainda mais com feras como essas”.
Toninho fala animado de suas turnês, dos workshops no Brasil e no exterior, dos diversos convites que tem recebido para produzir e/ou acompanhar artistas seja em discos ou shows, e de seus recitais no próximo ano em Pequim. Pede mais espaço na mídia brasileira para a música instrumental, e se orgulha em dizer que seu estado, Minas Gerais, é o que abriga o maior número de festivais e encontros desse gênero. “Ceará, Bahia e Paraná contam com ótimos festivais e o espaço se abre agora mais ao Sul, com o Floripa Instrumental, e ao Norte, com o Festival de Manaus”, diz com a propriedade de quem conhece profundamente o ramo.
“Desde o mestre Pixinguinha a riqueza do Brasil é muito ampla na música instrumental. É por isso que quero um público mais geral, quero multiplicar”. Seus projetos Aqui – Ó Jazz, de resgate da música instrumental mineira dos anos 60, e o Livrão da Música Brasileira, que terá 600 partituras, são bons exemplos de sua preocupação em preservar e incentivar este gênero musical.
Homem de vários instrumentos, Toninho toca violão, guitarra, baixo, bateria e ganha “certa desenvoltura no piano”. No primeiro disco do Clube da Esquina, por exemplo, ele tocava baixo. Este mineiro compôs músicas como Diana, O Céu de Brasília e Durango Kid (todas com Fernando Brant), Dona Olímpia (com Ronaldo Bastos, gravada também por Nana Caymmi), Beijo Partido (gravada por Toninho, Nana Caymmi e Joyce) e seu maior sucesso, Manuel, o Audaz (com F. Brant). De suas dezenas de discos participaram músicos consagrados internacionalmente, como o guitarrista Pat Metheny, Naná Vasconcelos e Eliane Elias.
Entre os ídolos de Toninho estão Hermeto Pascoal, Dorival Caymmi, Tom Jobim e o conterrâneo Wagner Tiso. O guitarrista Wes Montgomery é sua inspiração. Ele destaca os brasileiros Hamilton de Holanda e Yamandu Costa, como os atuais responsáveis pelo ressurgimento na mídia da música instrumental brasileira.
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Toninho Horta, Robertinho Silva e Arismar
sobem ao palco do Floripa Instrumental dia 26,
a partir das 21h, no Ribeirão da Ilha. |
Não é à toa que um deles, o gaúcho Yamandu, estará no mesmo palco do Floripa Instrumental, onde Toninho promete levar, ao lado do baterista Robertinho Silva e do multiinstrumentista Arismar do Espírito, uma música com suingue brasileiro. “Somos um trio pra lá de maduro na música brasileira, tocamos juntos desde a década de 70, temos uma linguagem própria e muito bom humor”, confessa o mineiro. No repertório, as músicas do disco Cape Horn, como Bons Amigos, além das clássicas Beijo Partido, Vestido de Noiva e Manuel o Audaz.