FORAM QUATRO horas de torcida, indignação, solidariedade, estratégias, tentativas, vaias, aplausos e emoção. Bia Bolemann chegou primeiro, por volta, das 10horas, e se instalou ao lado de Paulo Benitt, nosso novo amigo, que estava bem no alto dos “cômoros brancos”. Logo em seguida, Pablito e eu dividimos mais um guarda-sol. Chegou depois Barbara, fotógrafa do Notícias do Dia, e Guto Kuerten, do DC. Outras pessoas foram tomando seus lugares, principalmente pescadores do Pântano do Sul. Era uma fria e chuvosa manhã de 8 de setembro.
Dali, buscamos o melhor registro e acompanhamos a operação, todos torcendo por um final feliz, ou seja, que a baleia franca presa ali, desde a madrugada do dia 7, ganhasse a liberdade. Cada tentativa frustrada um aiiiiii, seguido de um misto de desânimo e esperança. Uma corrente humana e colorida se formou na areia, alguns gritavam vai, vai, vai... Dentro d’água 14 mergulhadores, muitos deles bombeiros, que eram auxiliados por um rebocador da Marinha e dois jet skis.
O tempo passava, a chuva apertava, o vento mudava, a baleia se debatia e o frio aumentava. Como a primeira corda não deu certo, o pessoal no carro do ICMBIO providenciou outra mais resistente e larga, além de tonéis de água, óleo e gasolina para fazer o papel de bóias. As sugestões eram muitas, mas não existia um estratégia clara entre bombeiros, voluntários e o pessoal de órgãos públicos e ONGs. Na operação, não existia um porta-voz.
Eduardo José Capistrano, 25 anos. |
Foi a insistência de quatro mergulhadores e a coragem de Eduardo José Capistrano, 25 anos, bombeiro no aeroporto, os responsáveis pelo desencalhe da baleia franca. Dudu, como é mais conhecido, subiu no animal e colocou a corda por cima, ou seja, laçou. Mais uma tentativa, agora com final feliz.
Valeu cada segundo das mais de 4 horas que lá estive. Ficou uma lição: daqui pra frente, autoridades, voluntários, ONGs, órgão federais e estaduais tem o dever de pensar melhor no santuário de baleia que é o litoral de Santa Catarina. Nem só de propaganda ganha-se a vida, é preciso organização, transparência, antecipação e ação rápida. Num santuário de baleias, não podemos mais assistir cenas como as de quarta e quinta-feira. Que a liberdade da baleia franca, conquistada por volta das 15 horas, represente uma nova forma de agir de todos os órgãos envolvidos que lá estavam.
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