Renato Borghetti e Daniel Sá os convidados da segunda noite, com os instrumentistas da Ilha - Fernando, Guinha, Pablo, Arnou, Tuco, Montano e Alegre foto by Kátia Klock |
Se na primeira noite a viagem pelo
mundo da música do Acústico Brognoli foi surpreendente com Hermeto Pascoal, na
segunda, os sons da banda instrumental estava como a Seleção da Alemanha,
passes certeiros, dribles intensos e muito vigor na execução das músicas. Ou
seja, se Fernando Sulzbacher (violino); Pablo Greco (bandoneon); Tuco Marcondes
(viola portuguesa e citara); Carlos Schmidt (bombardino e trombone); André FM
(percussão), Alegre Corrêa (guitarra elétrica e arranjos); Arnou de Melo (baixo
acústico e elétrico); Luis Gama, o Pelé (percussão), Mariano Siccardi (piano),
Nicolas Malhome (percussão); Richard Montano (bateria) e Dudu Fileti (voz) e
Emília Carmona (voz) fizeram na quarta-feira uma partida de campeonato, na
quinta eles subiram ao palco para decidir a final.
Na primeira noite a mágica do som de Hermeto Pascoal, uma lenda instrumental da música brasileira, foto Pablo Corti |
Mais à vontade, numa sintonia fina,
com uma forte pegada e boas improvisações e solos, esses talentosos
instrumentistas mostraram a intensidade da música que se faz hoje em
Florianópolis. Muitos deles não são daqui, mas vieram de diferentes partes do
País e do Mundo para ancorar nesta Ilha de tons e sons, entre eles Guinha
Ramires, Alegre Correa, Pablo Greco, Mariano Siccardi, Arnou de Melo.
Dividido em cinco atos, a primeira
parte do espetáculo ficou muito bem costurada, com a entrada dos instrumentos
aos poucos e com vozes gravadas anunciando a próxima viagem sonora. Pontos
altos o arranjo de Alegre Correa para Eleanor
Rigby, dos Beatles, executada na citara com percussões, bateria, baixo,
violão e guitarra; e o Ato 2 Fusion Rio
da Plata, com clássicos do tango e da milonga e ainda a voz de Emília
Carmona, que mandou bem no espanhol.
Quatorze músicos no palco e a pegada da milonga, do vanerão e do chamamé Mercedita, foto Pablo Corti. |
A segunda noite contou ainda com os
convidados especiais, Renato Borghetti e Daniel Sá (violão), velhos conhecidos
de Alegre Correa e Guinha Ramires, com quem lá na década de 1980 viajavam para
se apresentar em festivais e shows pelo Rio Grande do Sul e também no exterior.
E para não perder a oportunidade, o quarteto voltou a se reunir para executar Barra do Ribeiro, composição de Guinha
Ramires, que Borghettinho não tira do repertório. Aqui, uma cumplicidade e um
diálogo instrumental que só velhos amigos sabem interpretar. Depois, acompanhado
do violão inconfundível de Daniel Sá, o homem da gaita de oito baixos abriu o
fole em Sem Vergonha (Edson Dutra e
Valdir Pinheiro); KM 11 (Tracito Coco
Marola) e Redomona (Os Serranos).
Mais uma vez Borghetinho chama ao
palco Alegre e, em trio – gaita, guitarra e violão – tocam Sétima do Pontal (Borghetti e Veco Marques), na próxima música Laçador, composição do guitarrista,
Guinha volta ao palco para uma
conversa animada entre os quatro instrumentos. O público, até então participante só com aplausos, resolveu
acompanhar Dudu Fileti na canção Felicidade,
de Lucipinio Rodrigues, numa improvisação que fez também Alegre Correa soltar a
voz na tradicional música Luar do Sertão,
de Gonzagão.
Mercedita, clássico chamamé, executado por Renato Borghetti, Daniel Sá e diverso e talentoso grupo de musicos da Ilha, foto by Kátia Klock. |
Se o vanerão, a milonga e a
rancheira corriam soltas, o final foi com os 16 músicos no palco, numa execução
inusitada do clássico chamamé Mercedita,
de Ramón Rios, onde todos os instrumentos tiveram sua vez para o solo, num
deleite sonoro de improvisações, que fez o público mais uma vez aplaudir sem
parar. No outro bis e para fechar de forma afinada a 10 edição do Acústico
Brognoli, Milonga Missioneira.
Desenhado para se ouvir todos os
sons do mundo, o Acústico Brognoli alcançou seu objetivo nas duas noites: fazer
com que a música ali executada levasse o público a lugares incríveis, seja com
um solo de guitarra, o som do bandoneon, da citara, da percussão…Parabéns ao
produtor musical, Nani Lobo que soube formar o time de instrumentistas, às
produtoras Eveline Orth e Nilva Camargo, e a Brognoli, que há 10 anos investe
nesse evento, hoje referência no âmbito cultural da Ilha.
Jornalista
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