Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Floripa Instrumental 2015, dia 14, às 21 horas, Pedro Martins


                                                                                                                                                                    Fotos Marcos Tani

             Pedro Martins: pouca idade,

                       muitas histórias

                                                                                                          por Duda Hamilton e Guilherme Zanini

Pedro Martins é daqueles talentos raros, os quais despontam pouquíssimos a cada geração. Natural de Gama (DF), o jovem de 22 anos tem um vocabulário musical que o permite tocar vários instrumentos, do piano à bateria, porém, é na guitarra que ele se expressa de maneira mais confortável.  
Apesar da pouca idade, dá para dizer que Pedro é um veterano. Com 10 anos já integrava bandas de rock, aos 14 participava de festivais de jazz ao lado do bandolinista Hamilton de Holanda. Para ser descoberto por artistas de renome foi questão de tempo. Em seu currículo, podem ser citadas contribuições com nomes conhecidos, como  Milton Nascimento, Emicida, Léo Gandelman e Paulinho Moska.
Suas influências são variadas, indo de Hermeto Pascoal a Beatles. Isso serve de alicerce para que o guitarrista crie um som original, possibilitado pelo domínio técnico do instrumento. Em 2011, Pedro Martins lançou seu disco de estreia, Sonhando Alto. O trabalho foi tratado pela crítica especializada de diversos países como um álbum de vanguarda dentro do cenário do jazz.
Desde então, a agenda de Pedro é cheia de compromissos, que vão de uma participação no DVD do grupo Teatro Mágico até a produção musical da cantora Ellen Oléria, vencedora do programa The Voice Brasil. Recentemente, o artista conquistou o prêmio de melhor guitarrista  no tradicional Montreux Jazz Festival, na Suíça. Isso o credenciou a participar da próxima edição do evento, considerado um dos maiores do mundo.


Pedro Martins e John Mclaughlin na
competição de guitarras do Festival de Jazz de Montreux

Em fevereiro grava o novo disco na Suíça e faz a produção ao lado do guitarrista Kurt Rosenwinkel, que deve fazer participação especial. Para o disco já definidos os amigos de sons Frederico Heliodoro (Belo Horizonte), no baixo; e Antonio Loureiro (SP), na bateria. A agenda não para e em julho do ano que vem o trio sobe ao palco da 50ª edição do Montreux Jazz Festival.
Essas são apenas algumas das credenciais de Pedro Martins, um talento nato e raro, fruto da riqueza da música brasileira. Os jornalistas Guilherme Zanini e Duda Hamilton entrevistaram Pedro Martins, que faz show no Floripa Instrumental, dia 14, sábado, às 21 horas, gratuito.

Acompanhe abaixo os principais momentos da entrevista



Qual a lembrança mais remota que você tem da música?
Pedro Martins - Tive a imensa sorte de nascer numa família de músicos, sobretudo por conta do meu pai que sempre tocou 24 horas por dia dentro de casa - estudando e curtindo boa música dos mais variados estilos. Isso com certeza me ajudou a crescer sem preconceitos musicais e com a cabeça cheia de sons. A lembrança mais remota talvez seja a de sacar meu pai sentado com o violão na frente do som tirando músicas do Chico Buarque, repetindo trechos como que 50 vezes pra aprender qual era a exata formação do acorde. Tenho também a lembrança de estar sentado num banquinho na cozinha treinando a progressão "C - G7", enquanto papai lavava a louça.

Qual a forma que usas para compor? Com a guitarra, violão, piano...?
P.M. - Não tenho muita fórmula para compor, mas sei que todas as canções nascem de improvisação. Seja na guitarra, no piano ou mesmo sem instrumento. Na maioria das vezes eu tenho uma "paisagem sonora" persistindo na cabeça com melodias, harmonias e ritmos que você consegue sentir, mas não necessariamente traduzir no instrumento. Então começo a tocar descompromissadamente até chegar no que eu estou buscando.

Tua formação é rock, samba, jazz, mpb?
P.M - Comecei ouvindo e tocando rock e mpb. Quando tinha uns 11 anos comecei a me interessar por jazz, samba, mpb.  Acho que um pouco de tudo isso. O rock n roll pra mim significa energia. Nunca pode faltar, mesmo tocando a balada mais sutil. A música popular brasileira representa vasta riqueza, com seus milhares de ritmos, cantos, festas, discos que só aqui se encontra. 
O jazz é maravilhoso, é muito mais do que um estilo, uma linguagem. Ele me permite tocar as coisas de acordo com a maneira que estou me sentindo no momento, sem nunca tocar duas vezes de forma igual. O jazz admite criar no palco sem nunca ter medo de errar.


Qual o show que pretendes fazer no Floripa Instrumental?  É solo?
P.M - É o meu projeto solo que acabei de gravar em Brasília, ao vivo, no Clube do Choro. Nele exploro meu lado instrumentista, com peças de guitarra solo, mas tem também intervenções de música eletrônica, trazendo outras atmosferas para o espetáculo. É um show bem livre - sei quais músicas vou tocar, mas não sei como. A criação espontânea é o prato principal. Além das minhas composições, vou tocar as músicas em parcerias com Hamilton de Holanda e Daniel Santiago. Tem também Milton Nascimento, Chico Buarque, Wayne Shorter e algo mais…



É a primeira vez em
 Florianópolis?

P.M - É a primeira vez com um projeto próprio, num show de um festival, que é conhecido em todo o Brasil e importante para a cena instrumental brasileira. É uma honra levar minha música a um lugar tão lindo como o Ribeirão, como Florianópolis. Não lembro qual o ano, mas estive na Ilha com a Ellen Oléria e com o Ted Falcon.

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