Fotos Marcos Tani |
Pedro Martins: pouca idade,
muitas histórias
por Duda Hamilton e Guilherme Zanini
Pedro
Martins é daqueles talentos raros, os quais despontam pouquíssimos a cada
geração. Natural de Gama (DF), o jovem de 22 anos tem um vocabulário musical
que o permite tocar vários instrumentos, do piano à bateria, porém, é na
guitarra que ele se expressa de maneira mais confortável.
Apesar
da pouca idade, dá para dizer que Pedro é um veterano. Com 10 anos já integrava
bandas de rock, aos 14 participava de festivais de jazz ao lado do bandolinista Hamilton de Holanda.
Para ser descoberto por artistas de renome foi questão de tempo. Em seu
currículo, podem ser citadas contribuições com nomes conhecidos, como Milton Nascimento, Emicida, Léo Gandelman e
Paulinho Moska.
Suas influências são variadas, indo de Hermeto Pascoal a
Beatles. Isso serve de alicerce para que o guitarrista crie um som original,
possibilitado pelo domínio técnico do instrumento. Em 2011, Pedro Martins
lançou seu disco de estreia, Sonhando
Alto. O trabalho foi tratado pela crítica especializada de diversos países
como um álbum de vanguarda dentro do cenário do jazz.
Desde então, a agenda de Pedro é cheia de compromissos, que vão
de uma participação no DVD do grupo Teatro Mágico até a produção musical da
cantora Ellen Oléria,
vencedora do programa The Voice Brasil. Recentemente, o artista conquistou o
prêmio de melhor guitarrista no
tradicional Montreux Jazz Festival, na Suíça.
Isso o credenciou a participar da próxima edição do evento, considerado um dos
maiores do mundo.
Pedro Martins e John Mclaughlin na competição de guitarras do Festival de Jazz de Montreux |
Em fevereiro grava o novo disco na Suíça e faz a produção ao
lado do guitarrista Kurt Rosenwinkel, que deve fazer participação especial.
Para o disco já definidos os amigos de sons Frederico Heliodoro (Belo
Horizonte), no baixo; e Antonio Loureiro (SP), na bateria. A agenda não para e
em julho do ano que vem o trio sobe ao palco da 50ª edição do Montreux Jazz Festival.
Essas são apenas algumas das credenciais de Pedro Martins, um
talento nato e raro, fruto da riqueza da música brasileira. Os jornalistas
Guilherme Zanini e Duda Hamilton entrevistaram Pedro Martins, que faz show no
Floripa Instrumental, dia 14, sábado, às 21 horas, gratuito.
Acompanhe abaixo os principais momentos da entrevista
Qual a lembrança mais remota que
você tem da música?
Pedro Martins - Tive a imensa sorte de nascer
numa família de músicos, sobretudo por conta do meu pai que sempre tocou 24
horas por dia dentro de casa - estudando e curtindo boa música dos mais
variados estilos. Isso com certeza me ajudou a crescer sem preconceitos
musicais e com a cabeça cheia de sons. A lembrança mais remota talvez seja a de
sacar meu pai sentado com o violão na frente do som tirando músicas do Chico
Buarque, repetindo trechos como que 50 vezes pra aprender qual era a exata
formação do acorde. Tenho também a lembrança de estar sentado num banquinho na
cozinha treinando a progressão "C - G7", enquanto papai lavava a
louça.
Qual a forma que usas para compor?
Com a guitarra, violão, piano...?
P.M. - Não tenho muita fórmula
para compor, mas sei que todas as canções nascem de improvisação. Seja na
guitarra, no piano ou mesmo sem instrumento. Na maioria das vezes eu tenho uma
"paisagem sonora" persistindo na cabeça com melodias, harmonias e
ritmos que você consegue sentir, mas não necessariamente traduzir no instrumento.
Então começo a tocar descompromissadamente até chegar no que eu estou
buscando.
Tua formação é rock, samba, jazz, mpb?
Tua formação é rock, samba, jazz, mpb?
P.M - Comecei
ouvindo e tocando rock e mpb. Quando tinha uns 11 anos comecei a me interessar
por jazz, samba, mpb. Acho que um pouco
de tudo isso. O rock n roll pra mim significa energia. Nunca pode faltar, mesmo
tocando a balada mais sutil. A música popular brasileira representa vasta
riqueza, com seus milhares de ritmos, cantos, festas, discos que só aqui se
encontra.
O jazz é maravilhoso, é muito mais do que um estilo, uma linguagem.
Ele me permite tocar as coisas de acordo com a maneira que estou me sentindo no
momento, sem nunca tocar duas vezes de forma igual. O jazz admite criar no
palco sem nunca ter medo de errar.
Qual o show que pretendes fazer no Floripa Instrumental?
É solo?
P.M - É o meu projeto solo que acabei de
gravar em Brasília, ao vivo, no Clube do Choro. Nele exploro meu lado
instrumentista, com peças de guitarra solo, mas tem também intervenções de
música eletrônica, trazendo outras atmosferas para o espetáculo. É um show bem
livre - sei quais músicas vou tocar, mas não sei como. A criação espontânea é o
prato principal. Além das minhas composições, vou tocar as músicas em parcerias
com Hamilton de Holanda e Daniel Santiago. Tem também Milton Nascimento, Chico
Buarque, Wayne Shorter e algo mais…
É a primeira vez em
Florianópolis?
Florianópolis?
P.M - É a primeira vez com um projeto próprio, num show de um
festival, que é conhecido em todo o Brasil e importante para a cena
instrumental brasileira. É uma honra levar minha música a um lugar tão lindo
como o Ribeirão, como Florianópolis. Não lembro qual o ano, mas estive na Ilha
com a Ellen Oléria e com o Ted Falcon.
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