Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

sábado, 31 de agosto de 2013



Um continente de cordas: 
Los de Negro y el de Blanco

Guto Wirtti (baixolão), Yamandu Costa (violão de 7 cordas) e Arthur Bonilla (violão de 7 cordas) no show Continente

Um show de cordas com três dos mais virtuosos violonistas que temos na atualidade no Brasil. Assim foi o espetáculo do lançamento do CD Continente que colocou no palco do CIC (Centro Integrado de Cultura) a genialidade de Yamandu Costa (violão 7 cordas), a suavidade das composições de Guto Wirtti (baixolão) e a rapidez das duas mãos de Arthur Bonilla (violão 7 cordas).
Como sempre, usando bombacha e alpargatas, Yamandu chegou ao palco sozinho na companhia de um chimarrão para executar El Negro Del Blanco. 
Ali deu o tom do que seria o restante da noite. O homem de branco chamou os dois homens de preto, amigos de infância, e aí foi uma intimidade só, mesmo que essa tenha sido a segunda apresentação da turnê Continente, que iniciou no Rio de Janeiro, dia 27 de agosto. O show e o álbum, segundo Yamandu, são homenagens ao escritor gaúcho Erico Veríssimo e aos violões da America do Sul.
A dinâmica do espetáculo, com entradas e saídas de Gutto e Bonilla, mostrou a cumplicidade dos músicos. Além disso, o bom humor no palco é algo que chega até o público em conversas descompromissadas e feitas na hora, como se estivessem na sala de casa, arrancando boas risadas da platéia. Uma delas, a história da música Cabaret, composta por Guto e Yamandu, e que Yamandu disse ter sabor de keep cooler.
Um dos momentos altos da apresentação foram Namoro de Guitarras e Peleia de Guitarras executadas com precisão e sentimento. Ao fechar os olhos sentia-se a briga e o namoro dos três instrumentos. 

Coisa que só os gênios conseguem fazer. Que me desculpem as guitarras de músicos argentinos e uruguaios, como o Cuarteto Zitarrosa - uma das influências do trio -, mas esses guris de 30 anos estão aprimorando e abrasileirando a interpretação desses instrumentos.


Pra quem acostumou o ouvido desde pequena com o sonoridade das cordas do Sul, a noite foi um prazer só, principalmente nas músicas Don Atahualpa, uma belíssima composição de Guto Wirtti; Chamamer e Missioneirita. A música Fronteiriço, composta especialmente para este álbum por Yamandu e Bonilla, é uma peça para dois violões de sete cordas, onde a alta transfusão de sons é de arrepiar e deixar encharcados de suor os dois guris. Logo depois, para acalmar, a música Continente (Guto Wirtti), que dá título ao álbum, trouxe uma mistura de ritmos dentro da mesma estrutura musical. E que som maravilhoso ecoa do baixolão de Wirtti!



O público, que quase lotou o CIC, se entregou à sonoridade por 1h45. Nenhum zunzum, muito menos conversas, só alguns suspiros, gritos de bravo no final das músicas e muitas palmas. Depois da apresentação, o hall do teatro ficou lotado e Yamandu, paciententemente, conversou, fez fotos e autografou por mais de uma hora.
Saí do show com a sensação que nem tudo esta perdido na música brasileira, por mais que os grandes conglomerados de comunicação queiram nos fazer consumir Luans, Annitas e Telós.

                                                                                      texto Duda Hamilton
                                                                                           fotos Pablo Corti




O show  foi realizado pela Rhythmus Produções, com  apoio da Itapema FM
 e divulgação da Dfato Comunicação