COM A PROPOSTA de entoar, soltar cortar e costurar reunindo afetos musicais, a dupla Tatiana
Cobbett e Marcoliva coloca para tocar seu quarto álbum, com dez canções, sendo
nove autorais, e participação de onze instrumentistas.
Diferente dos
anteriores, o CD Corte e Costura é
intimista, reunindo duas vozes e sete instrumentos de cordas - violões de nylon
e aço, guitarra, contrabaixo, cuatro venezuelano, kora e violino. Mas o
alinhavo é o mesmo: fortes parcerias para um crescimento coletivo, marca do
segundo e do terceiro álbuns – Bendita
Companhia e Sonora Parceria Musica
Súbita, respectivamente.
Tatiana e Marcoliva chamaram velhos parceiros como Guinha
Ramires, Rafael Calegari, Leandro Fortes e Joubert Moraes e amarraram com
instrumentistas talentosos como Carlinhos Antunes, Alegre Correa e Felipe
Coelho. A nova turma - Pedro Loch, Gabriel Vieira, Mateus Mira e Rafael
Meksenas - entrou com as agulhas e
costurou rápido o álbum, que é nitidamente um cd de compositores,
instrumentistas e arranjadores. Todos os arranjos, ressalta Tatiana Cobbett,
foram coletivos, e a maioria das faixas passou pelo processo de improvisação.
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Carlinhos Antunes, foto Bia Boleman |
A abertura é Contrato de Risco, composição da dupla, e que dá logo o recado intimista. Depois vem Corte e Costura, de Tatiana e Leandro Fortes, que deveria ser a abertura ou fechamento do álbum, já que cita os parceiros que os acompanham na longa estrada e também nesse trabalho.
Um dos pontos
altos é a composição Humanos Erros
mesclando letra densa com arranjo formidável e ainda a pitada, no tom certo,
das vozes de Tatiana e Marcoliva. Como diz num dos versos Ninguém de Perto é Normal!!! Na faixa seguinte, ao som do violino de
Gabriel Vieira, Tatiana canta Isso ou
Aquilo, composição dela com a nova guarda - Pedro Loch e Mateus Mira.
Como vi nascer, no centro de São Paulo, num
agosto sem desgosto e em bendita companhia, a quinta canção é uma das minhas prediletas. Gira Não me Tira, de Calegari e Tatiana,
é uma conversa animada de cordas e vozes, com uma batida única, e o talento
musical de Carlinhos Antunes.
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foto Pablo Corti |
A turma da
Musica Súbita entrou com Fado,
Marcoliva, Tatiana, Rafael Galegari, Gabriel Vieira e Pedro Loch. Mas nessa
dupla de alma cigana, o flamenco não poderia faltar e ele está na canção Nu, de Marcoliva, que conta com o violão
do instrumentista Felipe Coelho.
Quando estava
sentido falta, ele chega como o samba forte dos amigos, na canção Samba Canhoto, uma das melhores do
disco, com a harmonia assinada pelo violão canhoto de Pedro Loch. Única faixa que não conta com Tatiana e
Marcoliva na composição é Atalaia, do
amigo, compositor e velho parceiro, Joubert Moraes, de Aracaju. Nesta música,
Tatiana e Marcoliva soltam seu lado intérprete e entram no universo do poeta...Foi uma estrela que caiu do Céu/ Foi uma
onda que tombou no mar...
Para fechar o
quarto álbum, Tatiana pegou o costureiro e entrou na oca com o velho índio Guinha
Ramires na composição Tempo, com
versos como O tempo é o dom de passar/ e
querer o agora é pertinente/ a alma vive o que sente sendo assim porque
lastimar...Somos peregrinos e o tempo é o dom de passar.
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Alegre Correa, Tatiana, Marcoliva e Leandro Fortes, foto Pablo Corti |
A prensagem e o lançamento
do disco contou com o apoio do seu público por meio da plataforma virtual
de financiamento coletivo catarse.me. A temporada de lançamento do Corte e Costura em Floripa ocorre em
maio, de 3 a 5, no Teatro do SESC, às 20 horas, no centro da capital
catarinense, gratuito. Se ouvir o disco é bom, ver toda essa turma no palco é melhor ainda.
Está “feitoooo!”
o quarto CD. No horizonte, novos projetos, sempre apostando que arte é juntar
pessoas como forma de expressão e troca de experiências. Assim é a arte sonora
de Tatiana Cobbett e Marcoliva.