Bodega Weinert, paralelo 42.
Dia 28
Chegada no aeroporto de Bariloche, com sol e céu azul. Pegamos um táxi e dividimos com um polonês que vinha no mesmo vôo e que não falava uma só palavra em espanhol ou outra língua, que não o inglês. Pablito salvou, pois nem o taxista, um típico argentino remacanudo, pronunciava uma só palavra. Ele emprestou o celular para ligar e conseguir alugar um carro. Depois de duas tentativas – Gol e Siena - pegamos um Ford Ka com outro Pablo, muy macanudo, no centro da cidade.
Como o casal de gorditos não viaja sem lanche passamos no Todo a su lado para comprar presunto cru, queijo, meia lua e, claro, algumas botellas de vinhos da região, ou seja, da província de Rio Negro: Humberto Canale, por supuesto. O dia estava esplêndido, céu azul sem nuvens, o que fez com que a gente optasse por ficar uma noite em Bariloche para conhecer melhor.
Ao passar pela avenida Bustillo paramos numa Hosteria, mas o Pablo preferiu olhar outras coisas. Fomos até a Península de San Pedro no Aldebaran, um lugar charmoso com vista para o lago Nahuel Huapi, piscina climatizada, mas achamos os U$ 290 muito para passar uma noite e não aproveitar o que o lugar oferecia. Se a grana der, a gente vai ficar a última noite por lá…Depois de fazer o circuito chico, na volta para a cidade e quase decididos a ficar num hotel no centro, passamos por umas cabanas com o nome La Cebra de frente para o lago Nahuel Huapi. Pablito, que tem bom gosto, desceu, olhou e decidiu ficar. O preço? Uma quinta parte da anterior.
Como escurece quase às 22 horas, nos perdemos no horário e saímos para jantar lá pelas 23h. Jantamos massa com vinho em El Boliche de Alberto e depois saímos sem rumo pelas ruas de Bariloche. A cidade nos surpreendeu, pois estava sem muitos turistas.
Dia 29, El Puelo e El Bolsón
Acordamos com os olhos no lago e um ar fresco e agradável. Antes de partir para o nosso objetivo - uma passada no Musimundo para pegar o Tricota, último álbum do grupo Otros Aires – a Ruta 40, com destino a El Bolsón. Foram pouco mais de uma hora para fazer os 100 e poucos km com o nosso novo companheiro de viagem um Ka 2010. No caminho sentimos o aquecimento do planeta tanto no desgelo das montanhas, como na alta temperatura.
Ao chegar à pequena cidade, não tão pequena assim, fomos direto ao posto de turismo, que ao contrário de Florianópolis, funciona muito bem com preços de hotéis, pousadas e cabanas. Saímos de lá com folhetos e a ideia de chegar a Lago Puelo, na província de Chubut e distante uns 12 km de El Bolsón, que está na província de Rio Negro. Foi o dia mais quente dos últimos 20 anos, com o termômetro marcando 32 graus - a temperatura máxima para esta época do ano é de 25.
Quando soube que em Lago Puelo não havia hospedagem, a minha temperatura também começou a subir e bateu o desespero, pois estava muito quente e a gente não tinha comido nada. Com fome perco todos os pontos cardeais, mas parece (ou será desejo?) que agora encontro um deles com mais facilidade e em menos tempo. Depois de ver e não gostar de três lugares e um achar acima do preço estabelecido, voltamos para El Bolsón.
Ao passar em Villa Turismo, Pablito, que também estava inquieto, resolveu seguir a placa Las Grullas, cuja dica já tinha sido dada no turismo e sem a informação da existência do wi-fi. Fomos recebidos por Maria Angelica numa cabana aconchegante, barata e com wi-fi. Como nem tudo é perfeito, só tinha vaga para uma noite. Sonhando com um cordeiro patagônico e seguindo a dica de Maria Angelica fomos parar na autêntica Parrilla Patagônia, do simpatico e comunicativo Fernando. Presidente do equivalente ao Florianopolis Convention Bureau, ele e sua mulher já correram o mundo. Agora, com Valentino de 4 anos, estacionaram na Patagônia e abriram as portas desta agradável e diferenciada parrilla. Oferecem vinho produzido em El Hoyo e com rótulo próprio, cervejas artesanais da cidade como Araucana, El Bolsón, entre outras, e todo o tipo de carne – do cordeiro, passando pelo assado, o cervo, o javali…Uhmm um prazer só!! E com a temperatura na marca dos 15 graus nos dirigimos para nossa primeira noite aos pés do recortado Piltriquitron.
Dia 30 – El Hoyo, El Bolsón
Como aprendemos no dia anterior, primeiro é melhor procurar o berço. Fernando pediu para passarmos lá que ele conseguiria alguma coisa pra nós ficarmos até 1 de janeiro. Tínhamos como exigências cabanas individuais, conectada e fora do centro da cidade. Fomos a três em Villa Turismo e ficamos entre duas, a do arquiteto Miguel e a de Claudio. Dica do Fernando foi boa, mas totalmente sem sombra e a temperatura estava bem alta novamente. Elegemos Pedras Brancas, casinha de duendes, na sombra e de cara para o Piltriquitron e para o Cierro Hielo Azul, com 2.270 metros, pouco mais alto do que o Perito Moreno.
Perto do meio-dia com sol escaldante fomos às compras para equipar a casinha e, claro, almoçar. De repente, lá pelas 4 horas o tempo fechou, vento leste, muito raro nesta época, e uma tremenda tormenta elétrica, com o cerro ficando roxo.
Esta demonstração da natureza não nos assustou e fomos cumprir o roteiro do dia: bodega Weinert e propriedades ecológicas, ambas em El Hoyo, na província de Chubut e uns 15 km de El Bolsón. Bodega fechada, só abre depois do Ano Novo e a dica de que o vinho tinha no supermecado da localidade. As propriedades com frutas, verduras, doces e conservas comercializam seus produtos na região e toda a família trabalha ali.
A chuva raríssima nesta época do ano não chegou a atrapalhar a visita ao Lago Epuyen, que está dentro de um parque semelhante ao da Lagoa do Peri, em Florianópolis, mas com boa infra-estrutura – cabanas, campings, churrasqueiras, locais para pesca de trutas, além da prática de esportes náuticos que não tenham motores. Por aqui também se sente intensamente as mudanças da natureza, mas a água é abundante e o ar puro.
Depois de ter conhecido Adriana no mercado, compramos ravioles de acelga e vinho Piedra Parada produzido no paralelo 42 pela bodega Weinert. Nem o apagão atrapalhou o jantar à luz de emergência, com o recomendável Piedra Parada, um vinho de zona fria que mescla Merlot e Pinot e cujo o nome é em homenagem a enorme pedra de 240 metros de altura perto do lugar, onde se reuniam os nativos tehuelches, mapuches, manzaneros e araucanos para tomar decisões, negociar e festejar. Além de bom vinhos e saborosas cervejas, é possível beber água da torneira.
Foi uma noite e tanto. Para o próximo dia, muitas opções!
Um comentário:
Caríssimos: belo roteiro etílico, gasronômico, cultural.Que maravilha,"epetacular". Meu fim de ano foi bem menos original, ao lado da família, convivendo com os mares e os males do sul riograndense, com aquele mar chocolate, aquela água gelada e um ventão nordeste de arrepiar os cabelos, a pele e o humor de qualquer de qualquer mouro. Bjs, quero mais postagens
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