Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

quinta-feira, 31 de março de 2011

Um convidado pra lá de especial

Foto João Maia

Ele toca ao lado de grandes nomes da música brasileira, faz arranjos para muitos talentos, é parceiro de outros gênios em canções que encantam até hoje, como Todo Sentimento, com Chico Buarque, gravada em Paris há 30 anos, só piano e voz. Sua canção Raios de Luz, em parceria com Abel Silva, foi gravada por Barbra Streisand e, em 1999, fez a direção musical e arranjos do show e do disco Gal Costa Canta Tom Jobim.
  Cristovão Bastos, que é pianista, compositor e arranjador, já acompanhou, pelas suas contas, mais de 100 músicos em 50 anos de profissão. Ele começou cedinho e sua memória mais remota da música é aos 7 anos, quando viu pela primeira vez um show com acordeom. Virou-se para os pais e pediu: “Quero tocar este instrumento.” Semanas depois freqüentava aulas e aos 15 anos se tornou profissional ao tocar numa boate em Cascadura, no subúrbio do Rio Janeiro. Foi ali também que ele trocou o acordeom pelo piano, de onde seus dedos gordinhos emanam musicalidade.
Em palcos e estúdios nacionais e internacionais, Cristovão Bastos acompanha, em shows e discos, Paulo César Pinheiro, Paulinho da Viola, Aldir Blanc, além de Nana Caymmi, Edu Lobo, entre muitos outros. Na década de 1980 viajou com Chico pela Europa onde, segundo ele, mais jogaram futebol do que tocaram. “Eram duas partidas e um show ou quatro e dois shows”, conta de forma divertida.
 Cristovão tem personalidade ao tocar e o que o deixa mais gratificado é quando reconhecem seu piano. O CD Bons Encontros, de 1992, com o violonista Marco Pereira, é um ótimo exemplo, pois são músicas de Ary Barroso e Noel Rosa, que ganham uma outra interpretação, sem esquecer a essência brasileira. Este álbum recebeu o Prêmio Sharp de Música Instrumental. Seu primeiro disco solo, Avenida Brasil, também tem esta marca.
Perguntado se prefere palco ou estúdio, disparou: “Gosto de estar no palco, mas o estúdio é um educador, é uma forma de descobrir erros e vícios”. Ao telefone ele confessa que ao entrar no palco não tem mandinga, mas sempre ao estar no piano agradece a Deus pelo dom de tocar. Otimista, acredita que a música brasileira vai muito bem, “o problema é o acesso à mídia, pois o que hoje está nela é a música imediata, a que logo deixa de existir e, com isso, perdemos a informação sobre a boa música”, alerta ele, fazendo comparações. “Tem gente que só usa acessórios que estão na moda, como uma determinada marca de calça ou tênis, por exemplo. Diferente destes, prefiro usar sandálias, porque o pé respira melhor”.
E assim ele segue seu caminhar musical. É entre uma turnê com Edu Lobo e outra com Paulinho da Viola que Cristovão vem para Florianópolis, onde se apresenta no Teatro Álvaro de Carvalho, em 14 de abril, como convidado do cantor e compositor Rodrigo Piva, que lança seu terceiro CD, Na Garganta do Artista.


Abaixo ouça Cristovão Bastos (piano) no Instrumental SESC Brasil, com Jurim Moreira (bateria), Bororó (contrabaixo) e Zé Canuto (sax).


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