Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O olhar de Pablo Corti no resgate da memória

No barco Frederico I, equipe de mergulho e de arqueólogos da Unisul.

Nem todo o tempo é feio.

Planilha de mergulho.

Ao mergulho

Ricardo e o especial cinegrafista

É ela saindo do mar depois de 400 e poucos anos.

Adrenalina

Ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz, e Dalmo Vieira, do Iphan Brasília, acompanham o resgate

Pablito e Neco de bem com a vida e com a história, by Duda Hamilton.


À esquerda, capitão-tenente Ricardo Guimarães conferiu de perto toda a operação para
o resgate da pedra do século XVI

Equipe de mergulhadores do Projeto Barra Sul, arquéologos da Unisul, e presentantes da Marinha,
 tenente-capitão Ricardo e diretor do Iphan/Brasília, Dalmo Vieira.

Em terra firme a peça pronta para revelar segredos.

Uma bela história!



Sabem aqueles trabalhos que reúnem prazer, história, desafios e bom companheirismo. Pois foi o que vivenciamos, Beth Karam, pela Unisul, e eu, da Dfato Comunicação, ao participarmos durante todo o dia de quinta-feira do resgate da pedra do século XVI que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina.


Resgatada  peça do naufrágio mais antigo do Brasil
por Beth Karam e Duda Hamilton
fotos Pablo Corti
 Pedra do século XVI com as armas da Espanha gravadas em alto relevo foi retirada ontem do fundo do mar no litoral Sul da Ilha de Santa Catarina
  Mergulhadores do Projeto Barra Sul retiraram uma pedra com cerca de 800 quilos que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina. Nas dimensões de 98 cm de altura por 76 cm de largura, a peça apresenta o desenho de dois leões e dois castelos em alto relevo e, no meio, um símbolo português, o que remete ao período da União Ibérica e ao reino de Leon e Castilla, entre os anos de 1580 a 1640.
  Pesquisas históricas indicam que a peça, possivelmente, estava na nau provedora de uma frota de 23 navios que saiu da Espanha em 1583 com a missão de construir duas fortalezas no Estreito de Magalhães, em terras chilenas, para conter o avanço de piratas ingleses que ameaçavam os domínios da coroa espanhola no novo continente.
Caso essa hipótese se confirme, trata-se do naufrágio mais antigo já localizado em águas brasileiras. Talvez, o mais antigo de toda a América. Uma outra pedra, na forma triangular, com inscrições em latim, e duas bolas ornamentais, não puderam ser retiradas ontem, quinta-feira (23), pois o peso de 800 quilos da peça retirada danificou o guindaste. A operação de resgate foi acompanhada pelo ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz; pelo capitão-tenente Ricardo Guimarães, da Diretoria de Patrimônio Histórico  Documentação da Marinha e por Dalmo Vieira,  diretor do IPHAN/Brasília.
O presidente da Fapesc Sérgio Gargioni, financiadora do projeto, também estava presente, assim como arqueólogos da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), pois a peça será encaminhada ao laboratório de Arqueologia da instituição para trabalhos de recuperação, e por equipes da Uniasselvi e Set Produções, responsáveis por pesquisas históricas e documentário.
Esses objetos serão retirados do fundo do mar do acesso sul da Ilha de Santa Catarina até agosto, assim como um canhão de bronze com mais de três metros de comprimento, com data de fundição e outras inscrições, além de objetos menores, como fragmentos de cerâmica, pedaços de madeira, pedras de lastro que eram utilizadas para as embarcações não balançarem e projéteis de vários calibres.
  O Projeto Barra Sul faz pesquisas no acesso marítimo sul da Ilha de Santa Catarina desde 2005, região considerada um verdadeiro cemitério de navios, pois fazia parte da rota das navegações - era o último porto de abastecimento antes do Rio da Prata.

De acordo com documentos históricos, o local, na época denominado Porto dos Patos,  abriga, nas profundezas de suas águas , no mínimo oito naufrágios. “Quando eles adentravam a baía Sul para se abastecerem de provisões, eram surpreendidos com a geografia acidentada do leito marinho, com bancos de areia móveis, e muitas vezes pegavam até mesmo um inesperado vento Sul. Era um ponto crítico, muitas não conseguiam entrar no estreito canal de acesso sul da Ilha de Santa Catarina, e naufragavam”, relata Gabriel Corrêa, diretor do Projeto Barra Sul.

HISTÓRIA
O Projeto Barra Sul pesquisa numa área de 400 quilômetros quadrados, englobando as praias de Naufragados, do Sonho, do Pântano do Sul e Ponta do Papagaio. Entre os séculos XVI e XVII, essa região era considerada um ponto estratégico de abastecimento para os navegadores que serviam aos reinos de diversos países europeus e seguiam rumo ao Rio da Prata. Até hoje o local é considerado um dos maiores santuários de galeões naufragados no Brasil. 



domingo, 15 de maio de 2011

A Ponta e a Matemática


Foto de Paulo Roberto Witosi, Ponta do Coral, Florianópolis.

NÃO SOU BOA em matemática, mas essa conta dos metros quadrados a mais na Ponta do Coral, em Florianópolis, não consigo fechar. O local tem 14,7 mil metros quadrados e, pelo que escreve o Lenzi, no Diário de domingo, vão aterrar quase outro terreno, pois a área passará a ter 30 mil metros quadrados. Destes, 65% vão ser destinados a área pública. O restante fica com a iniciativa privada para erguer  um hotel de luxo, com lojas e restaurantes, além de uma marina para 300 barcos.
Fez a conta? Fechou? Então desenha!
Ao juntar alhos com bugalhos a gente percebe que nos últimos anos a Ilha vale não por sua beleza sem par, mas pelos aterros realizados. Afinal, o metro quadrado na beira-mar é para novos milionários e, talvez, o mais caro de Floripa. Para mostrar, usam as redes de relacionamento, no face book, por exemplo, rola um pessoal vendendo a Ilha nos veículos norte-americanos.
Mas não se assustem, o projeto ainda não foi aprovado, apesar de ser defendido aos sete cantos e em alto e bom tom pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Florianópolis, José Carlos Rauen, também presidente do Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina - gestão 2008-2011. Rauen e outros bradam: é melhor um terreno abandonado ou uma boa estrutura turística?
Caros, nem oito nem oitenta. É possível apresentar outras saídas secretário, que não necessitem aterrar a área. A população também pode ser ouvida nestes casos, ou só tem voz os que erguem nem só coisas belas? Revirando meu blog encontrei uma relação entre a demolição do Edifício Mussi, autorizada por Rauen, e a Ponta do Coral: a construtora. Este novelo tem muito mais fio pra puxar.

Quem sabe a gente faz a nossa parte e fiscaliza a prefeitura e  outros órgão envolvidos, como Fatma e orgãos federais, principalmente, a Marinha, proprietária da costa brasileira.


sábado, 14 de maio de 2011

O micróbio de Calcanhoto

“FUI AO estúdio gravar uma música para uma novela e saí picada pelo samba”, diz na entrevista Adriana Calcanhoto, ao falar sobre seu novo álbum Micróbio do Samba. São 12 faixas de composições próprias, sendo duas já gravadas nas vozes de Marisa Monte e Teresa Cristina – Vai Saber e Beijo Sem, respectivamente. O micróbio de Adriana bebe direto na cadência do conterrâneo Lupicínio Rodrigues, na arte das palavras e na musicalidade de Noel Rosa e de Ismael Silva. É o samba dos anos 1920, 1930 e 1940, que Calcanhoto traz para o século 21 com um trio formado pelos músicos Alberto Continentino (baixo), Davi Moraes (violão e percussão) e Domenico Lancelotti (bateria e percussão).
Ouvi o álbum na estrada e no computador umas quatro vezes e fiquei ainda mais fã de Adriana. Ela sempre faz o diferente, nunca cai na armadilha do sucesso fácil e batido. É uma artista alternativa que não faz um disco igual ao outro e arrisca sonoridades. Neste Micróbio, por exemplo, até guitarra no samba Calconhoto usou. Em Pode se Remoer, Rodrigo Amarante faz a diferença ao flertar sua guitarra distorcida com o axé. Já a canção Tá na Minha Hora, música de trabalho e disponibilizada no site oficial da artista, exalta a Mangueira. O bem humorado Mais Perfumado é uma boa história dos rolos de sempre entre o malandro e a patroa, só que agora é a mulher a narradora, com a ironia fina da compositora. Gostei também da marcha-rancho com pitada de frevo Tão Chic. É um disco leve, calmo, com sotaque de Adriana Calcanhoto. Curti a dica Nani.




quinta-feira, 31 de março de 2011

Um convidado pra lá de especial

Foto João Maia

Ele toca ao lado de grandes nomes da música brasileira, faz arranjos para muitos talentos, é parceiro de outros gênios em canções que encantam até hoje, como Todo Sentimento, com Chico Buarque, gravada em Paris há 30 anos, só piano e voz. Sua canção Raios de Luz, em parceria com Abel Silva, foi gravada por Barbra Streisand e, em 1999, fez a direção musical e arranjos do show e do disco Gal Costa Canta Tom Jobim.
  Cristovão Bastos, que é pianista, compositor e arranjador, já acompanhou, pelas suas contas, mais de 100 músicos em 50 anos de profissão. Ele começou cedinho e sua memória mais remota da música é aos 7 anos, quando viu pela primeira vez um show com acordeom. Virou-se para os pais e pediu: “Quero tocar este instrumento.” Semanas depois freqüentava aulas e aos 15 anos se tornou profissional ao tocar numa boate em Cascadura, no subúrbio do Rio Janeiro. Foi ali também que ele trocou o acordeom pelo piano, de onde seus dedos gordinhos emanam musicalidade.
Em palcos e estúdios nacionais e internacionais, Cristovão Bastos acompanha, em shows e discos, Paulo César Pinheiro, Paulinho da Viola, Aldir Blanc, além de Nana Caymmi, Edu Lobo, entre muitos outros. Na década de 1980 viajou com Chico pela Europa onde, segundo ele, mais jogaram futebol do que tocaram. “Eram duas partidas e um show ou quatro e dois shows”, conta de forma divertida.
 Cristovão tem personalidade ao tocar e o que o deixa mais gratificado é quando reconhecem seu piano. O CD Bons Encontros, de 1992, com o violonista Marco Pereira, é um ótimo exemplo, pois são músicas de Ary Barroso e Noel Rosa, que ganham uma outra interpretação, sem esquecer a essência brasileira. Este álbum recebeu o Prêmio Sharp de Música Instrumental. Seu primeiro disco solo, Avenida Brasil, também tem esta marca.
Perguntado se prefere palco ou estúdio, disparou: “Gosto de estar no palco, mas o estúdio é um educador, é uma forma de descobrir erros e vícios”. Ao telefone ele confessa que ao entrar no palco não tem mandinga, mas sempre ao estar no piano agradece a Deus pelo dom de tocar. Otimista, acredita que a música brasileira vai muito bem, “o problema é o acesso à mídia, pois o que hoje está nela é a música imediata, a que logo deixa de existir e, com isso, perdemos a informação sobre a boa música”, alerta ele, fazendo comparações. “Tem gente que só usa acessórios que estão na moda, como uma determinada marca de calça ou tênis, por exemplo. Diferente destes, prefiro usar sandálias, porque o pé respira melhor”.
E assim ele segue seu caminhar musical. É entre uma turnê com Edu Lobo e outra com Paulinho da Viola que Cristovão vem para Florianópolis, onde se apresenta no Teatro Álvaro de Carvalho, em 14 de abril, como convidado do cantor e compositor Rodrigo Piva, que lança seu terceiro CD, Na Garganta do Artista.


Abaixo ouça Cristovão Bastos (piano) no Instrumental SESC Brasil, com Jurim Moreira (bateria), Bororó (contrabaixo) e Zé Canuto (sax).


Instrumental SESC Brasil - Quarteto Brasil - Subindo a Rocinha (Cristóvã...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sérgio Jockymann morre em Campinas de insuficiência renal



 Duda Hamilton para Sul21 (http://sul21.com.br/jornal/2011/02/sergio-jockymann-morre-em-campinas-de-insuficiencia-renal/)

O JORNALISTA, romancista, poeta, dramaturgo e ex-deputado Sérgio Jockymann, 80 anos, morreu hoje às 15horas de insuficiência renal, no hospital da Unicamp (SP). Desde o final de novembro ele estava em Campinas, onde vive a filha Luelin, 42 anos, para um tratamento de saúde. Há dois dias ele estava inconsciente devido a complicações do tratamento de diálise que ele vinha se submetendo.
Antes de ir para São Paulo, o jornalista vivia já com a saúde debilitada entre a praia do Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina, e a praia do Siriú, ao lado de Garopaba, com a mulher Simone, 70 anos. Ele deixa cinco filhas Iria (60), Dafne (58), Heliana (59), do primeiro casamento, e Luelin (42) e  Karel (38), além de netos e bisnetos.
 Segundo Simone, ele andava muito deprimido nos últimos anos por causa da morte do filho André, em 2008, e devido a graves problemas jurídicos. “Ele ficou decepcionado depois de ter perdido em todas as instâncias para a Vivo, que usou um poema seu chamado Os Votos numa mensagem de final de ano, como se fosse do francês Victor Hugo”, conta Simone, acrescentando que o poema foi publicado em 30 de dezembro de 1978, no jornal Folha da Tarde de Porto Alegre, onde ele trabalhava. “Ele não admitia a acusação de que uma obra sua era plágio”, conta ela.
Há um ano Jockymann reagiu um pouco com o nascimento da neta Aurora, filha de Karel. “Ela era a Aurora da minha vida costumava dizer pela manhã quando via o sorriso da menina”, afirma Simone. Sérgio será enterrado amanhã, dia 17, em Campinas, sem qualquer tipo de cerimônia, pois era um pedido seu aos familiares sempre que falava da morte, já que não tinha religião.
Sérgio Jockymann nasceu em Palmeiras das Missões em 1930 e completaria 81 anos em 29 de abril próximo. Jornalista desde os 17 anos passou pelos principais veículos de Comunicação do Rio Grande do Sul, entre eles o Diário de Notícias, Caldas Junior e RBS. Trabalhou também como autor de telenovelas e seriados de TV, além de ser autor de várias peças de teatro, entre elas Caim (1955), Tutu Marambá, Boa tarde, excelência (1962) e Marido, matriz e filial. Em 1980, sua peça teatral Spiros Stragos foi publicada pelo Ministério a Educação e Cultura e obteve o 2º lugar no IX Congresso Nacional de Dramaturgia.