Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma parada diferente


Visual a partir do campinho de futebol, by Pablo Corti.


Seo Arante torce para a maré subir, by Pablo Corti.
SEM IGUAL a “parada” da baleia franca que vi no 7 de setembro na praia do Pântano do Sul. O filhote, com pouco mais de seis metros, foi avistado por um pescador por volta das 7horas, preso em um banco de areia distante 50 metros da praia. Ali, bem perto da “chata”, como dizem os moradores sobre a embarcação afundada logo após o Pedacinho do Céu - restaurante da Zenaide.
Praia do Pântano do Sul, by Pablo Corti
Às 14 horas, quando lá cheguei, o movimento era de mais de 300 pessoas, que enfrentaram o frio e a chuva para torcer pela liberdade do filhote. Ele se debatia e tentava sair. Os biólogos do Projeto Baleia Franca fizeram duas tentativas de reboque do mamífero com uso de cordas e barcos, sem sucesso.
 “Seo” Arante, faceiro com o movimento na praia e no bar, confidenciou que viu muita baleia encalhada neste banco de areia. E deu um palpite: “Quando subir a maré o filhote sai sozinho”.
Pescadores contaram que na segunda-feira um grupo de cinco baleias estava bem próximo à praia. Nesta época do ano é comum a presença de baleias francas no litoral de Santa Catarina, pois a espécie parte da Antártica para ter filhotes em águas mais quentes.
Caso o palpite de “seo” Arante seja infeliz, a operação volta a ocorrer na manhã desta quinta-feira, dia 8 de setembro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

3 mil km em sete dias

Taim, by Pablo Corti.



UNIR trabalho, viagem, estrada, música e camaradagem é um luxo. Foi o que Pablito e eu fizemos nos últimos sete dias, saindo da Ilha de Santa Catarina às 17 horas de quarta-feira, 10 de agosto, e voltando às 17horas, do dia 17. Destino: Montevidéu via Chuí e volta por Sant’Ana/Rivera.
Bem calculado, o primeiro pit stop foi às margens da BR 116, antes do trevo de Pelotas, no hotel Plaza Ipiranga, mais conhecido como Cavada. Preço justo (R$ 120,00), wifi, café honesto e muito movimento, um hotel de viajantes. Pela manhã, pegamos a movimentada BR 116, acesso a um dos portos mais importantes do Brasil, que não é duplicada. Por ali passam caminhões enormes com carros de várias marcas e a maioria dos produtos para construir as eólicas que se multiplicam no Sul do País. É bom dirigir com cuidado, mas logo depois é hora de relaxar, pois vem a estrada que corta a reserva do Taim, um show da natureza que vale ser apreciado. A dica é passar no local antes das 10h.
Playa del barco, by Pablo Corti.



Arquitetura, by Duda Hamilton




Nacionalismo.
Dali direto para Punta Del Este, com direito a parada na paradisíaca La Pedrera e La playa del Barco. Do lado do mar a Lua cheia, no oposto o pôr do sol do pampa e, claro, um frio de 9 graus, com muito vento, porque ali sopra o tempo todo. Surpresa foi na estrada entre Rocha a Punta, na localidade de Manantiales, onde se proliferam as chácaras com plantações de uvas, pousadas, resorts e hotéis boutiques.
Assim como a Seleção Celeste, o povo do Uruguai está em ritmo de olé - próspero e confiante no futuro.  Estão abundantes as construções, em Punta e ao redor. Vale conferir a cidade de Maldonado e seu charmoso restaurante Si, querida, ótima dica da amiga Luisa Elena, que nos acolheu em Punta e nos levou para conhecer.
De Maldonado pra frente farejei o Jango. Passei por locais onde ele ia ouvir Vinicius, jogar, conversar, beber, estar com a família, vender e comprar gado e se reunir com amigos. Quem era esse presidente que vivia exilado entre Maldonado e Buenos Aires e nunca conseguiu voltar a seu país?
Em Montevidéu, dois dias de muita música, com boas sonoridades como a de Jorge Galemire, Fernando Torrado, La Dulce, Tabaré Cardozo, entre outros, além do aniversário de 40 anos da cantautora Samantha Navarro, na beira do Rio de La Plata, no Club de Pesca Ramirez, com muitos tambores e guitarras, num domingo celeste.
  Na volta por Rivera/Santana, outro pit stop, desta vez para dar e receber carinho das mães – Ana e Isa – e tomar mate com as amigas Tina e Celina. E como nem tudo é um dia celeste de sol, acendeu a luz amarela do motor da camionete na BR 290, entre o trevo de Santa Maria e Cachoeira do Sul. Depois de sobressaltos, do carinho do irmão e dos sobrinhos,
Samantha Navarro & La Dulce, música uruguaia, by DH 
do pouso aconchegante da Verinha, da mão amiga do Nardi para arrumar a camionete, a volta pra casa.
Fica aqui registrado meu repúdio à concessionária Nissan de Porto Alegre, que pediu mais de 24 horas para devolver o carro, mesmo sem diagnosticar o problema, bem simples. Nada mais era do que um contato entre conexões provocado por uma chapa de proteção, coisa que vem ocorrendo com freqüência em motores diesel dos modelos XTerra e Frontier. Neste agosto de bom gosto, os 3 mil km podem até ter sido cansativos para o corpo, mas para a alma faz um bem danado, porque recarrega a energia, fortalece a vida e as relações.
Por la rambla, by DH

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Riquezas históricas no fundo do mar da Ilha de Santa Catarina


NEM A CHUVA torrencial, que caiu durante toda a segunda-feira, foi capaz de impedir que os mergulhadores/pesquisadores do Projeto Barra Sul resgatassem do fundo do mar da Ilha de Santa Catarina uma pedra triangular com escritos em latim, medindo 1 metro e 25cm por 0,75metros, e duas esferas com aproximadamente 21cm de diâmetro.
“Acreditamos estar diante do mais antigo naufrágio localizado e pesquisado das Américas”, ressalta um dos seis pesquisadores/mergulhadores, Bruno Germer, acrescentando que as peças retiradas repousavam no fundo do mar há mais de 400 anos. O tenente da Marinha, Daniel Gusmão, afirma que este, por enquanto, é o mais antigo naufrágio pesquisado na costa brasileira, mas ainda “são necessárias mais pesquisas históricas para ter a confirmação do nome da nau”.
Estudos preliminares realizados pelo projeto Barra Sul apontam para a embarcação chamada San Esteban, que naufragou na saída da Baía Sul, em janeiro de 1583, e que transportava peças de artilharia e material para construção de duas fortalezas no Estreito de Magalhães. “A pedra triangular faz menção ao rei Felipe II com a inscrição: Philippus Maximvs Cathollicvs II Hispaniarvm Indiarvm et Rex.  E acredita-se que o ano seja o de 1582, mas só vamos ter certeza depois dos avanços das pesquisas arqueológicas”, ressalta o pesquisador/mergulhador, Flávio Corrêa.
Acompanharam a segunda expedição o capitão dos Portos/SC, comandante Claudio da Costa Lisboa; o representante da DPHDM (Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha), tenente Daniel Gusmão; e a equipe de arqueológos da Unisul. O próximo passo, segundo Flávio Corrêa, será a retirada, até o final do ano, do canhão que está no mesmo sítio arqueológico e que tem data de fundição de 1565. A arqueóloga da Unisul, dra. Deisi Scunderlick Eloy de Farias ressalta: “Por se tratar de um sítio arqueológico que guarda vestígios históricos inéditos no Brasil, haverá uma minuciosa escavação, seguindo todos os procedimentos e cuidados previstos em trabalhos arqueológicos”.
por Duda Hamilton
fotos Pablo Corti



sexta-feira, 24 de junho de 2011

O olhar de Pablo Corti no resgate da memória

No barco Frederico I, equipe de mergulho e de arqueólogos da Unisul.

Nem todo o tempo é feio.

Planilha de mergulho.

Ao mergulho

Ricardo e o especial cinegrafista

É ela saindo do mar depois de 400 e poucos anos.

Adrenalina

Ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz, e Dalmo Vieira, do Iphan Brasília, acompanham o resgate

Pablito e Neco de bem com a vida e com a história, by Duda Hamilton.


À esquerda, capitão-tenente Ricardo Guimarães conferiu de perto toda a operação para
o resgate da pedra do século XVI

Equipe de mergulhadores do Projeto Barra Sul, arquéologos da Unisul, e presentantes da Marinha,
 tenente-capitão Ricardo e diretor do Iphan/Brasília, Dalmo Vieira.

Em terra firme a peça pronta para revelar segredos.

Uma bela história!



Sabem aqueles trabalhos que reúnem prazer, história, desafios e bom companheirismo. Pois foi o que vivenciamos, Beth Karam, pela Unisul, e eu, da Dfato Comunicação, ao participarmos durante todo o dia de quinta-feira do resgate da pedra do século XVI que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina.


Resgatada  peça do naufrágio mais antigo do Brasil
por Beth Karam e Duda Hamilton
fotos Pablo Corti
 Pedra do século XVI com as armas da Espanha gravadas em alto relevo foi retirada ontem do fundo do mar no litoral Sul da Ilha de Santa Catarina
  Mergulhadores do Projeto Barra Sul retiraram uma pedra com cerca de 800 quilos que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina. Nas dimensões de 98 cm de altura por 76 cm de largura, a peça apresenta o desenho de dois leões e dois castelos em alto relevo e, no meio, um símbolo português, o que remete ao período da União Ibérica e ao reino de Leon e Castilla, entre os anos de 1580 a 1640.
  Pesquisas históricas indicam que a peça, possivelmente, estava na nau provedora de uma frota de 23 navios que saiu da Espanha em 1583 com a missão de construir duas fortalezas no Estreito de Magalhães, em terras chilenas, para conter o avanço de piratas ingleses que ameaçavam os domínios da coroa espanhola no novo continente.
Caso essa hipótese se confirme, trata-se do naufrágio mais antigo já localizado em águas brasileiras. Talvez, o mais antigo de toda a América. Uma outra pedra, na forma triangular, com inscrições em latim, e duas bolas ornamentais, não puderam ser retiradas ontem, quinta-feira (23), pois o peso de 800 quilos da peça retirada danificou o guindaste. A operação de resgate foi acompanhada pelo ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz; pelo capitão-tenente Ricardo Guimarães, da Diretoria de Patrimônio Histórico  Documentação da Marinha e por Dalmo Vieira,  diretor do IPHAN/Brasília.
O presidente da Fapesc Sérgio Gargioni, financiadora do projeto, também estava presente, assim como arqueólogos da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), pois a peça será encaminhada ao laboratório de Arqueologia da instituição para trabalhos de recuperação, e por equipes da Uniasselvi e Set Produções, responsáveis por pesquisas históricas e documentário.
Esses objetos serão retirados do fundo do mar do acesso sul da Ilha de Santa Catarina até agosto, assim como um canhão de bronze com mais de três metros de comprimento, com data de fundição e outras inscrições, além de objetos menores, como fragmentos de cerâmica, pedaços de madeira, pedras de lastro que eram utilizadas para as embarcações não balançarem e projéteis de vários calibres.
  O Projeto Barra Sul faz pesquisas no acesso marítimo sul da Ilha de Santa Catarina desde 2005, região considerada um verdadeiro cemitério de navios, pois fazia parte da rota das navegações - era o último porto de abastecimento antes do Rio da Prata.

De acordo com documentos históricos, o local, na época denominado Porto dos Patos,  abriga, nas profundezas de suas águas , no mínimo oito naufrágios. “Quando eles adentravam a baía Sul para se abastecerem de provisões, eram surpreendidos com a geografia acidentada do leito marinho, com bancos de areia móveis, e muitas vezes pegavam até mesmo um inesperado vento Sul. Era um ponto crítico, muitas não conseguiam entrar no estreito canal de acesso sul da Ilha de Santa Catarina, e naufragavam”, relata Gabriel Corrêa, diretor do Projeto Barra Sul.

HISTÓRIA
O Projeto Barra Sul pesquisa numa área de 400 quilômetros quadrados, englobando as praias de Naufragados, do Sonho, do Pântano do Sul e Ponta do Papagaio. Entre os séculos XVI e XVII, essa região era considerada um ponto estratégico de abastecimento para os navegadores que serviam aos reinos de diversos países europeus e seguiam rumo ao Rio da Prata. Até hoje o local é considerado um dos maiores santuários de galeões naufragados no Brasil. 



domingo, 15 de maio de 2011

A Ponta e a Matemática


Foto de Paulo Roberto Witosi, Ponta do Coral, Florianópolis.

NÃO SOU BOA em matemática, mas essa conta dos metros quadrados a mais na Ponta do Coral, em Florianópolis, não consigo fechar. O local tem 14,7 mil metros quadrados e, pelo que escreve o Lenzi, no Diário de domingo, vão aterrar quase outro terreno, pois a área passará a ter 30 mil metros quadrados. Destes, 65% vão ser destinados a área pública. O restante fica com a iniciativa privada para erguer  um hotel de luxo, com lojas e restaurantes, além de uma marina para 300 barcos.
Fez a conta? Fechou? Então desenha!
Ao juntar alhos com bugalhos a gente percebe que nos últimos anos a Ilha vale não por sua beleza sem par, mas pelos aterros realizados. Afinal, o metro quadrado na beira-mar é para novos milionários e, talvez, o mais caro de Floripa. Para mostrar, usam as redes de relacionamento, no face book, por exemplo, rola um pessoal vendendo a Ilha nos veículos norte-americanos.
Mas não se assustem, o projeto ainda não foi aprovado, apesar de ser defendido aos sete cantos e em alto e bom tom pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Florianópolis, José Carlos Rauen, também presidente do Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina - gestão 2008-2011. Rauen e outros bradam: é melhor um terreno abandonado ou uma boa estrutura turística?
Caros, nem oito nem oitenta. É possível apresentar outras saídas secretário, que não necessitem aterrar a área. A população também pode ser ouvida nestes casos, ou só tem voz os que erguem nem só coisas belas? Revirando meu blog encontrei uma relação entre a demolição do Edifício Mussi, autorizada por Rauen, e a Ponta do Coral: a construtora. Este novelo tem muito mais fio pra puxar.

Quem sabe a gente faz a nossa parte e fiscaliza a prefeitura e  outros órgão envolvidos, como Fatma e orgãos federais, principalmente, a Marinha, proprietária da costa brasileira.


sábado, 14 de maio de 2011

O micróbio de Calcanhoto

“FUI AO estúdio gravar uma música para uma novela e saí picada pelo samba”, diz na entrevista Adriana Calcanhoto, ao falar sobre seu novo álbum Micróbio do Samba. São 12 faixas de composições próprias, sendo duas já gravadas nas vozes de Marisa Monte e Teresa Cristina – Vai Saber e Beijo Sem, respectivamente. O micróbio de Adriana bebe direto na cadência do conterrâneo Lupicínio Rodrigues, na arte das palavras e na musicalidade de Noel Rosa e de Ismael Silva. É o samba dos anos 1920, 1930 e 1940, que Calcanhoto traz para o século 21 com um trio formado pelos músicos Alberto Continentino (baixo), Davi Moraes (violão e percussão) e Domenico Lancelotti (bateria e percussão).
Ouvi o álbum na estrada e no computador umas quatro vezes e fiquei ainda mais fã de Adriana. Ela sempre faz o diferente, nunca cai na armadilha do sucesso fácil e batido. É uma artista alternativa que não faz um disco igual ao outro e arrisca sonoridades. Neste Micróbio, por exemplo, até guitarra no samba Calconhoto usou. Em Pode se Remoer, Rodrigo Amarante faz a diferença ao flertar sua guitarra distorcida com o axé. Já a canção Tá na Minha Hora, música de trabalho e disponibilizada no site oficial da artista, exalta a Mangueira. O bem humorado Mais Perfumado é uma boa história dos rolos de sempre entre o malandro e a patroa, só que agora é a mulher a narradora, com a ironia fina da compositora. Gostei também da marcha-rancho com pitada de frevo Tão Chic. É um disco leve, calmo, com sotaque de Adriana Calcanhoto. Curti a dica Nani.