Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O aperto da moeda...

Campos de Esquel







Parque Nacional Los Alerces, o Rio Arrayanes


Em Lago Rivadavia um gaucho patagônico.











Em Epuyén, na Chacra El Nagual, com Jillian e Lucas.
Dia 3
OS PESOS ESTAVAM acabando e a meta era trocar mais para seguir viagem. Depois de passar quase uma hora na fila do banco de La Nación em El Bolsón, nos informaram que não trocam reais, só euros e dólar. Mais uma tentativa, desta vez no Posto Petrobras, que para nossa surpresa ninguém que trabalhava ali sabia o que era Real. Atenção, atenção dona Dilma, assim não seremos o todo poderoso País da América do Sul. Um senhor nos indicou a farmácia El Pueblo, cujos donos eram proprietários da casa de câmbio fechada há um ano mais ou menos. Outra tentativa frustrada.
A notícia nos desanimou, mas mesmo assim resolvemos ir para Esquel, onde duas pessoas informaram que lá tinha uma casa de câmbio. Com 180 pesos no bolso, o equivalente a uns R$ 90,00, saímos de El Bolsón rumo a Esquel, mas com parada em Epuyén para dar um abraço em Lucas Chiappe, dica do manéguaio Oscar Rivas. Foi uma delícia de conversa que poderia durar uns dois dias, numa casa aconchegante no meio do mato.
Ativista ecológico, ele e a mulher vivem desde a década de 1970 no Valle Epuyén, perto da entrada principal do Lago Epuyén. Ela faz artesanato e vende na feira de El Bolsón e ele escreve, escreve, milita, se reúne, lê e cuida do local, além de atender muitos visitantes que por ali passam. Nos mostrou o livro Expedição Natureza Santa Catarina, do Zé Paiva e da Adriana, um presente do Oscar, e contou que quer muito ir ao Brasil no inverno.
Nem notamos, mas as horas voaram. Nos despedimos com a certeza de que logo, logo, voltaremos a nos ver. Seguimos pela estrada com um visual deslumbrante entre picos nevados e rios verdes até chegar no Parque Nacional Los Alerces. Ali tive um chilique, pois ninguém até então informou que precisava pagar para passar pelo parque. Se a gente tivesse esta informação não iria por esta estrada, pois além de mais longe, ela é de terra, ou seja, de ripio, como dizem aqui. Depois de deixar uma queixa escrita no parque, continuamos – eu com vontade de voltar, mas não adiantava, porque o lugar mais perto para trocar dinheiro seria Esquel. Foi aí que senti na pele a máxima: “Deus existe em todos os lugares, mas atende somente em Buenos Aires e no inverno também em Bariloche”.
O que se nota nestas províncias de Rio Negro e Chubut é que o turismo é interno e eles não fazem nenhum esforço para se tornar internacional. Sabedoria ou falta de ambição? Outro problema é que você não consegue informações de uma província para outra. Por exemplo, se estás em Rio Negro, tipo El Bolsón ou Bariloche, eles não informam sobre o Parque Nacional Los Alerces, que fica na província de Chubut, embora a menos de 1 hora de El Bolsón, ou de cabanas ou hotéis em Esquel e Trevlin. Isso atrapalha a viagem. Informações de El Calafate e do Chile, nem pensar, cada um diz uma coisa e bem diferente, o que tem nos deixado inseguros.
Com menos 80 pesos no bolso seguimos viagem, e o que nos acalmou foi a natureza e o silêncio nos 90 km de ripio. Voltaremos lá amanhã, mas com pesos e bastante tempo. Na saída da área do Parque o cenário muda, os lagos dão lugar a campos repletos de gado Hereford (maioria terneiros), cavalos crioulos e morros que contrastam com o céu violeta. Aqui escurece ainda mais tarde, tipo 22horas.
Ao chegar na cidade procuramos hotéis e lugares para comer que aceitassem cartão de crédito. O dia que começou ótimo, bem ecológico, passou por minutos de estresse e acabou maravilhoso à 1h, depois de uma parrilla de terneiro, com direito a matambre recheado e uma cama enorme numa cabana indicada por Daniel, amigo da Wini. Amanhã vamos atrás dos pesos!!!!

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