Frases

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para quem gosta de boa música


Badi Assad, foto by Marlon Aseff


A SEMANA FOI vibrante em sons e tons. Na terça, dia 6, véspera de feriado, Badi Assad subiu ao palco do TAC. No domingo, 11 de setembro, foi dia de show internacional no Teatro Pedro Ivo, com Roberto Menescal, Andy Summers, Cris Delanno, Marcos Suzano e Adriano Giffoni.
Ao completar 136 anos, o TAC ganhou show único de Badi Assad, voz e violão. Foi na simplicidade, no talento e na vibração que ela se mostrou inteira em músicas como Joana, a Francesa; Zoar; A banca do Distinto e canções de seus dois próximos discos que serão lançados em 2012 – Badi  para Maiores e Badi para Menores. Adorei as duas canções do “pra menores”. Lindo momento foi ouvir Básica, composição da amiga-irmã Tatiana Cobbett, que subiu ao palco ao lado do sempre parceiro Marcoliva, o nego.
United kingdom of Ipanema, um show para ouvidos exigentes,
foto Pablo Corti
No domingo, o show foi de tirar o fôlego, com as guitarras de Andy Summers (The Police) e de Roberto Menescal, um dos mais importantes músicos brasileiros – os dois mostraram que são como vinho quanto mais velhos, melhores. A dupla foi acompanhada pelo timbre e interpretação única de Cris Delanno, da pegada do pandeiro mais verde-amarelo, o de Marcos Suzano, e do baixo de Giffoni, entre os cinco melhores do Brasil.
O show faz uma mescla de músicas consagradas pelo The Police e de canções de Menescal e outros parceiros, quase todas da época da Bossa Nova. O repertório ganhou novos arranjos, as composições brasileiras ganharam um toque mais inglês e músicas do The Police ganharam roupagem bossanovista. Foram quase duas horas de espetáculo, com um público que foi lá para ouvir e se surpreender. Exceto as complicações do som até a terceira musica, o restante foi 10.
Andy Summers e Cris Delanno, by Duda Hamilton
Quem não foi perdeu, mas vai ter a oportunidade de ver Cris Delanno, que volta com seu novo trabalho Cris Delanno & Power Samba Jazz. É ficar atento!!!!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma baleia e várias lições


FORAM QUATRO horas de torcida, indignação, solidariedade, estratégias, tentativas, vaias, aplausos e emoção. Bia Bolemann chegou primeiro, por volta, das 10horas, e se instalou ao lado de Paulo Benitt, nosso novo amigo, que estava bem no alto dos “cômoros brancos”. Logo em seguida, Pablito e eu dividimos mais um guarda-sol. Chegou depois Barbara, fotógrafa do Notícias do Dia, e Guto Kuerten, do DC. Outras pessoas foram tomando seus lugares, principalmente pescadores do Pântano do Sul. Era uma fria e chuvosa manhã de 8 de setembro.

Dali, buscamos o melhor registro e acompanhamos a operação, todos torcendo por um final feliz, ou seja, que a baleia franca presa ali, desde a madrugada do dia 7, ganhasse a liberdade. Cada tentativa frustrada um aiiiiii, seguido de um misto de desânimo e esperança. Uma corrente humana e colorida se formou na areia, alguns gritavam vai, vai, vai... Dentro d’água 14 mergulhadores, muitos deles bombeiros, que eram auxiliados por um rebocador da Marinha e dois jet skis.

O tempo passava, a chuva apertava, o vento mudava, a baleia se debatia e o frio aumentava. Como a primeira corda não deu certo, o pessoal no carro do ICMBIO providenciou outra mais resistente e larga, além de tonéis de água, óleo e gasolina para fazer o papel de bóias. As sugestões eram muitas, mas não existia um estratégia clara entre bombeiros, voluntários e o pessoal de órgãos públicos e ONGs. Na operação, não existia um porta-voz.

Eduardo José Capistrano, 25 anos. 
Foi a insistência de quatro mergulhadores e a coragem de Eduardo José Capistrano, 25 anos, bombeiro no aeroporto, os responsáveis pelo desencalhe da baleia franca. Dudu, como é mais conhecido, subiu no animal e colocou a corda por cima, ou seja, laçou. Mais uma tentativa, agora com final feliz.

Valeu cada segundo das mais de 4 horas que lá estive. Ficou uma lição: daqui pra frente, autoridades, voluntários, ONGs, órgão federais e estaduais tem o dever de pensar melhor no santuário de baleia que é o litoral de Santa Catarina. Nem só de propaganda ganha-se a vida, é preciso organização, transparência, antecipação e ação rápida. Num santuário de baleias, não podemos mais assistir cenas como as de quarta e quinta-feira. Que a liberdade da baleia franca, conquistada por volta das 15 horas, represente uma nova forma de agir de todos os órgãos envolvidos que lá estavam.

Liberdade, liberdade

Uma corrente humana nas areias do Pântano do Sul, by Pablo Corti
Barco da Marinha e bombeiros foram fundamentais na operação de quinta-feira,  by Duda Hamilton

Treze mergulhadores tentam passar a corda por baixo do animal, by Pablo Corti
 
Eduardo José Capistrano, 25 anos, é bombeiro no aeroporto. Foi ele quem colocou a corda por cima da baleia franca, numa das sete tentativas de libertação. foto by Duda Hamilton

Mais uma tentativa, por Pablo Corti

Esta virada foi fundamental para a liberdade, by Duda Hamilton

Por volta das 15h, Francolina, como estava sendo chamada no Arante, ganhou a liberdade, by Duda Hamilton

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma parada diferente


Visual a partir do campinho de futebol, by Pablo Corti.


Seo Arante torce para a maré subir, by Pablo Corti.
SEM IGUAL a “parada” da baleia franca que vi no 7 de setembro na praia do Pântano do Sul. O filhote, com pouco mais de seis metros, foi avistado por um pescador por volta das 7horas, preso em um banco de areia distante 50 metros da praia. Ali, bem perto da “chata”, como dizem os moradores sobre a embarcação afundada logo após o Pedacinho do Céu - restaurante da Zenaide.
Praia do Pântano do Sul, by Pablo Corti
Às 14 horas, quando lá cheguei, o movimento era de mais de 300 pessoas, que enfrentaram o frio e a chuva para torcer pela liberdade do filhote. Ele se debatia e tentava sair. Os biólogos do Projeto Baleia Franca fizeram duas tentativas de reboque do mamífero com uso de cordas e barcos, sem sucesso.
 “Seo” Arante, faceiro com o movimento na praia e no bar, confidenciou que viu muita baleia encalhada neste banco de areia. E deu um palpite: “Quando subir a maré o filhote sai sozinho”.
Pescadores contaram que na segunda-feira um grupo de cinco baleias estava bem próximo à praia. Nesta época do ano é comum a presença de baleias francas no litoral de Santa Catarina, pois a espécie parte da Antártica para ter filhotes em águas mais quentes.
Caso o palpite de “seo” Arante seja infeliz, a operação volta a ocorrer na manhã desta quinta-feira, dia 8 de setembro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

3 mil km em sete dias

Taim, by Pablo Corti.



UNIR trabalho, viagem, estrada, música e camaradagem é um luxo. Foi o que Pablito e eu fizemos nos últimos sete dias, saindo da Ilha de Santa Catarina às 17 horas de quarta-feira, 10 de agosto, e voltando às 17horas, do dia 17. Destino: Montevidéu via Chuí e volta por Sant’Ana/Rivera.
Bem calculado, o primeiro pit stop foi às margens da BR 116, antes do trevo de Pelotas, no hotel Plaza Ipiranga, mais conhecido como Cavada. Preço justo (R$ 120,00), wifi, café honesto e muito movimento, um hotel de viajantes. Pela manhã, pegamos a movimentada BR 116, acesso a um dos portos mais importantes do Brasil, que não é duplicada. Por ali passam caminhões enormes com carros de várias marcas e a maioria dos produtos para construir as eólicas que se multiplicam no Sul do País. É bom dirigir com cuidado, mas logo depois é hora de relaxar, pois vem a estrada que corta a reserva do Taim, um show da natureza que vale ser apreciado. A dica é passar no local antes das 10h.
Playa del barco, by Pablo Corti.



Arquitetura, by Duda Hamilton




Nacionalismo.
Dali direto para Punta Del Este, com direito a parada na paradisíaca La Pedrera e La playa del Barco. Do lado do mar a Lua cheia, no oposto o pôr do sol do pampa e, claro, um frio de 9 graus, com muito vento, porque ali sopra o tempo todo. Surpresa foi na estrada entre Rocha a Punta, na localidade de Manantiales, onde se proliferam as chácaras com plantações de uvas, pousadas, resorts e hotéis boutiques.
Assim como a Seleção Celeste, o povo do Uruguai está em ritmo de olé - próspero e confiante no futuro.  Estão abundantes as construções, em Punta e ao redor. Vale conferir a cidade de Maldonado e seu charmoso restaurante Si, querida, ótima dica da amiga Luisa Elena, que nos acolheu em Punta e nos levou para conhecer.
De Maldonado pra frente farejei o Jango. Passei por locais onde ele ia ouvir Vinicius, jogar, conversar, beber, estar com a família, vender e comprar gado e se reunir com amigos. Quem era esse presidente que vivia exilado entre Maldonado e Buenos Aires e nunca conseguiu voltar a seu país?
Em Montevidéu, dois dias de muita música, com boas sonoridades como a de Jorge Galemire, Fernando Torrado, La Dulce, Tabaré Cardozo, entre outros, além do aniversário de 40 anos da cantautora Samantha Navarro, na beira do Rio de La Plata, no Club de Pesca Ramirez, com muitos tambores e guitarras, num domingo celeste.
  Na volta por Rivera/Santana, outro pit stop, desta vez para dar e receber carinho das mães – Ana e Isa – e tomar mate com as amigas Tina e Celina. E como nem tudo é um dia celeste de sol, acendeu a luz amarela do motor da camionete na BR 290, entre o trevo de Santa Maria e Cachoeira do Sul. Depois de sobressaltos, do carinho do irmão e dos sobrinhos,
Samantha Navarro & La Dulce, música uruguaia, by DH 
do pouso aconchegante da Verinha, da mão amiga do Nardi para arrumar a camionete, a volta pra casa.
Fica aqui registrado meu repúdio à concessionária Nissan de Porto Alegre, que pediu mais de 24 horas para devolver o carro, mesmo sem diagnosticar o problema, bem simples. Nada mais era do que um contato entre conexões provocado por uma chapa de proteção, coisa que vem ocorrendo com freqüência em motores diesel dos modelos XTerra e Frontier. Neste agosto de bom gosto, os 3 mil km podem até ter sido cansativos para o corpo, mas para a alma faz um bem danado, porque recarrega a energia, fortalece a vida e as relações.
Por la rambla, by DH

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Riquezas históricas no fundo do mar da Ilha de Santa Catarina


NEM A CHUVA torrencial, que caiu durante toda a segunda-feira, foi capaz de impedir que os mergulhadores/pesquisadores do Projeto Barra Sul resgatassem do fundo do mar da Ilha de Santa Catarina uma pedra triangular com escritos em latim, medindo 1 metro e 25cm por 0,75metros, e duas esferas com aproximadamente 21cm de diâmetro.
“Acreditamos estar diante do mais antigo naufrágio localizado e pesquisado das Américas”, ressalta um dos seis pesquisadores/mergulhadores, Bruno Germer, acrescentando que as peças retiradas repousavam no fundo do mar há mais de 400 anos. O tenente da Marinha, Daniel Gusmão, afirma que este, por enquanto, é o mais antigo naufrágio pesquisado na costa brasileira, mas ainda “são necessárias mais pesquisas históricas para ter a confirmação do nome da nau”.
Estudos preliminares realizados pelo projeto Barra Sul apontam para a embarcação chamada San Esteban, que naufragou na saída da Baía Sul, em janeiro de 1583, e que transportava peças de artilharia e material para construção de duas fortalezas no Estreito de Magalhães. “A pedra triangular faz menção ao rei Felipe II com a inscrição: Philippus Maximvs Cathollicvs II Hispaniarvm Indiarvm et Rex.  E acredita-se que o ano seja o de 1582, mas só vamos ter certeza depois dos avanços das pesquisas arqueológicas”, ressalta o pesquisador/mergulhador, Flávio Corrêa.
Acompanharam a segunda expedição o capitão dos Portos/SC, comandante Claudio da Costa Lisboa; o representante da DPHDM (Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha), tenente Daniel Gusmão; e a equipe de arqueológos da Unisul. O próximo passo, segundo Flávio Corrêa, será a retirada, até o final do ano, do canhão que está no mesmo sítio arqueológico e que tem data de fundição de 1565. A arqueóloga da Unisul, dra. Deisi Scunderlick Eloy de Farias ressalta: “Por se tratar de um sítio arqueológico que guarda vestígios históricos inéditos no Brasil, haverá uma minuciosa escavação, seguindo todos os procedimentos e cuidados previstos em trabalhos arqueológicos”.
por Duda Hamilton
fotos Pablo Corti



sexta-feira, 24 de junho de 2011

O olhar de Pablo Corti no resgate da memória

No barco Frederico I, equipe de mergulho e de arqueólogos da Unisul.

Nem todo o tempo é feio.

Planilha de mergulho.

Ao mergulho

Ricardo e o especial cinegrafista

É ela saindo do mar depois de 400 e poucos anos.

Adrenalina

Ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz, e Dalmo Vieira, do Iphan Brasília, acompanham o resgate

Pablito e Neco de bem com a vida e com a história, by Duda Hamilton.


À esquerda, capitão-tenente Ricardo Guimarães conferiu de perto toda a operação para
o resgate da pedra do século XVI

Equipe de mergulhadores do Projeto Barra Sul, arquéologos da Unisul, e presentantes da Marinha,
 tenente-capitão Ricardo e diretor do Iphan/Brasília, Dalmo Vieira.

Em terra firme a peça pronta para revelar segredos.

Uma bela história!



Sabem aqueles trabalhos que reúnem prazer, história, desafios e bom companheirismo. Pois foi o que vivenciamos, Beth Karam, pela Unisul, e eu, da Dfato Comunicação, ao participarmos durante todo o dia de quinta-feira do resgate da pedra do século XVI que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina.


Resgatada  peça do naufrágio mais antigo do Brasil
por Beth Karam e Duda Hamilton
fotos Pablo Corti
 Pedra do século XVI com as armas da Espanha gravadas em alto relevo foi retirada ontem do fundo do mar no litoral Sul da Ilha de Santa Catarina
  Mergulhadores do Projeto Barra Sul retiraram uma pedra com cerca de 800 quilos que estava há mais de 400 anos no fundo do mar da costa Sul da Ilha de Santa Catarina. Nas dimensões de 98 cm de altura por 76 cm de largura, a peça apresenta o desenho de dois leões e dois castelos em alto relevo e, no meio, um símbolo português, o que remete ao período da União Ibérica e ao reino de Leon e Castilla, entre os anos de 1580 a 1640.
  Pesquisas históricas indicam que a peça, possivelmente, estava na nau provedora de uma frota de 23 navios que saiu da Espanha em 1583 com a missão de construir duas fortalezas no Estreito de Magalhães, em terras chilenas, para conter o avanço de piratas ingleses que ameaçavam os domínios da coroa espanhola no novo continente.
Caso essa hipótese se confirme, trata-se do naufrágio mais antigo já localizado em águas brasileiras. Talvez, o mais antigo de toda a América. Uma outra pedra, na forma triangular, com inscrições em latim, e duas bolas ornamentais, não puderam ser retiradas ontem, quinta-feira (23), pois o peso de 800 quilos da peça retirada danificou o guindaste. A operação de resgate foi acompanhada pelo ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz; pelo capitão-tenente Ricardo Guimarães, da Diretoria de Patrimônio Histórico  Documentação da Marinha e por Dalmo Vieira,  diretor do IPHAN/Brasília.
O presidente da Fapesc Sérgio Gargioni, financiadora do projeto, também estava presente, assim como arqueólogos da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), pois a peça será encaminhada ao laboratório de Arqueologia da instituição para trabalhos de recuperação, e por equipes da Uniasselvi e Set Produções, responsáveis por pesquisas históricas e documentário.
Esses objetos serão retirados do fundo do mar do acesso sul da Ilha de Santa Catarina até agosto, assim como um canhão de bronze com mais de três metros de comprimento, com data de fundição e outras inscrições, além de objetos menores, como fragmentos de cerâmica, pedaços de madeira, pedras de lastro que eram utilizadas para as embarcações não balançarem e projéteis de vários calibres.
  O Projeto Barra Sul faz pesquisas no acesso marítimo sul da Ilha de Santa Catarina desde 2005, região considerada um verdadeiro cemitério de navios, pois fazia parte da rota das navegações - era o último porto de abastecimento antes do Rio da Prata.

De acordo com documentos históricos, o local, na época denominado Porto dos Patos,  abriga, nas profundezas de suas águas , no mínimo oito naufrágios. “Quando eles adentravam a baía Sul para se abastecerem de provisões, eram surpreendidos com a geografia acidentada do leito marinho, com bancos de areia móveis, e muitas vezes pegavam até mesmo um inesperado vento Sul. Era um ponto crítico, muitas não conseguiam entrar no estreito canal de acesso sul da Ilha de Santa Catarina, e naufragavam”, relata Gabriel Corrêa, diretor do Projeto Barra Sul.

HISTÓRIA
O Projeto Barra Sul pesquisa numa área de 400 quilômetros quadrados, englobando as praias de Naufragados, do Sonho, do Pântano do Sul e Ponta do Papagaio. Entre os séculos XVI e XVII, essa região era considerada um ponto estratégico de abastecimento para os navegadores que serviam aos reinos de diversos países europeus e seguiam rumo ao Rio da Prata. Até hoje o local é considerado um dos maiores santuários de galeões naufragados no Brasil.